Embora muitos governos do mundo todo, inclusive do Brasil, muitas vezes falem contra as criptomoedas, argumentando que elas facilitam a lavagem de dinheiro e atividades ilegais, talvez o foco devesse ser outro.
A investigação Lava Jato revelou, em sua 66ª fase, que os principais bancos do país ‘ajudaram’ correntistas a receber mais de R$ 1 bilhão em propina.
Os bancos em questão são Itaú, Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander — os mesmos que encerram contas bancárias de corretoras de bitcoin e criptomoedas alegando atividades suspeitas.
“O que está em apuração é se o banco adotou todas as cautelas devidas para evitar que funcionários fossem cooptados e valores fossem lavados ou se ele foi omisso”, disse o procurador da República Roberson Pozzobon, integrante da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.
De acordo com investigações do Ministério Público, os bancos permitiram a abertura de contas corrente em nome de empresas de fachada e de companhias operadas por doleiros — indivíduos que compram e vendem dólares no mercado paralelo; ao serem identificados, são indiciados por lavagem de dinheiro e evasão de dívidas.
Os dados mostram que o Bradesco teria movimentado R$ 989,6 milhões; já o Banco do Brasil, cerca de R$ 200 milhões; o Itaú R$ 94,5 milhões; Santander R$ 19,5 milhões e Caixa R$ 4,1 milhões.
Ao todo, cerca de R$ 1,3 bilhão de recebimentos supostamente ilícitos teriam sido ‘viabilizados’ pelos bancos por meio de cooptação de funcionários dos próprios bancos e falhas em sistemas de controle de operações suspeitas.
Ironicamente, os bancos Itaú, Banco do Brasil, Bradesco e Santander encerraram contas-correntes de corretoras brasileiras de criptomoedas como Mercado Bitcoin, 3xBit, Bitrecife e Coinext sob os argumentos de que visavam evitar a prática de lavagem de dinheiro e outras atividades ilícitas.