Ajay Banga, CEO da Mastercard, explicou durante uma entrevista ao Financial Times, porque a gigante de pagamentos deixou a Associação Libra do Facebook no ano passado.
A stablecoin surgiu inicialmente com o principal objetivo de oferecer uma moeda global para competir com bancos e reduzir custos para os consumidores por meio de operações financeiras realizadas pela internet e por aplicativos diversos, segundo Zuckerberg.
No entanto, Banga, que é presidente da Mastercard desde 2009, começou a enxergar a posição da companhia na Associação de outra forma quando outros membros do projeto começaram a vincular a criptomoeda Libra à uma carteira digital proprietária chamada Calibra.
“Passou dessa ideia altruísta para a própria carteira. Eu fiquei tipo: ‘Isso não parece certo’”, declarou o CEO, referindo-se a ideia inicial do projeto, de oferecer uma alternativa para cerca de 1,7 bilhão de pessoas que ainda não possuem contas em bancos.
Para ele, a inclusão financeira prometida no projeto significaria que um governo é capaz de pagar seus cidadãos com a moeda, para que eles possam usá-la diretamente nas transações do dia a dia.
Contudo, ele não entende como isso iria funcionar se alguém fosse pago em Libra em sua carteira Calibra, para depois movê-la novamente para comprar mercadorias.
Outro ponto decisivo para a Mastercard foi a falta de um modelo de negócios claro. Segundo o CEO de 60 anos, não havia uma maneira explícita da Associação Libra lucrar com seus usuários:
“Quando você não entende como o dinheiro é ganho, ele é feito de uma maneira que você não gosta”, declarou.
Por último, mas não menos importante, Banga citou a falta de comprometimento de outros membros da Associação em questões como conhecer seus clientes (KYC), práticas anti-lavagem de dinheiro (AML), controle de gerenciamento de dados.
A Associação Libra começou com 28 membros, e 8 deles já deixaram o projeto até agora, incluindo os gigantes Visa, eBay, PayPal e Vedafone, além da Mastercard.
Segundo o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, a criptomoeda será lançada ainda em 2020, apesar dos problemas enfrentados com reguladores de todo o mundo.