A especialista em direito e professora da FGV, Heloisa Estellita, afirmou em um artigo publicado recentemente que o dinheiro físico oferece uma possibilidade de anonimato nas transações muito superior ao Bitcoin, conforme reportou o Cointelegraph.
Para ela, na medida em que exchanges de criptomoedas implementam políticas de KYC e contra lavagem de dinheiro (AML), o pseudo anonimato do bitcoin “cai” e a identificação do usuário é mais eficiente que no caso da moeda física.
“O poder de incrementar o risco de lavagem que é derivado de suas três características principais (a descentralização, a “pseudo anonimidade” e a globalidade) poderá, porém, ser bastante mitigado quando as exchanges estiverem sujeitas às medidas de prevenção e controle de lavagem”, afirma Heloisa em seu artigo.
A especialista debate o uso do bitcoin e das criptomoedas para lavagem de dinheiro e que as exchanges tem um papel crucial.
As exchanges funcionam como intermediário que conecta as criptomoedas com o sistema financeiro.
“Por isso, o mais comum será que os detentores dos valores criminosos troquem seus BTCs por moedas fiat para que, assim, possam desfrutar do proveito do crime”, argumenta a professora.
O bitcoin perde o anonimato, mesmo que antes o usuário tenha utilizado serviços de mixagens e outras formas de lavar a criptomoeda antes de usar, de acordo com Heloisa.
Com a adoção de políticas eficientes de KYC e AML, as empresas podem identificar as transações suspeitas.
Entretanto, para que isso ocorra de modo eficiente, é necessário que uma colaboração global aconteça, sendo capaz de adotar padrão de medidas já que a moeda digital circula globalmente sem um emissor central.
“Porém, os desafios postos pela descentralização e, especialmente, pela globalização, que permitem a movimentação dos valores de forma extremamente rápida ao redor do mundo. Estes desafios indicam a necessidade de uma intensa e eficaz cooperação internacional em matéria financeira e penal”, finaliza a especialista.