Henrique Meirelles, secretário da Fazenda e do Planejamento do Estado de São Paulo, criticou a postura do atual presidente Jair Bolsonaro sobre a pandemia do coronavírus, durante participação em conferência online.
Ao falar sobre o pronunciamento de Bolsonaro, Meirelles declarou que, “como todos os brasileiros de responsabilidade e senso crítico”, recebeu mal o discurso do presidente, que pediu “volta à normalidade” e “fim do confinamento em massa” ao chamar de “gripezinha” a doença que já matou mais de 7.500 pessoas só na Itália, e já marca outras 57 no Brasil.
Em seguida, o ex-presidente do Banco Central (BC) disse que o Bolsonaro deve priorizar a preservação de vidas da população, para depois focar na economia:
“Compete ao presidente liderar o país na direção certa, enfrentar a crise de saúde primeiro, preservar vidas e, depois, trabalhar na recuperação da economia”, disse o secretário.
Ele também declarou que vê diferença entre a atual crise e a crise financeira de 2008. Segundo Meirelles, a previsão é de uma queda de 10% no PIB no segundo trimestre, com início de recuperação em julho.
Assim, a economia deve terminar o ano com recuo de 3%, estima, afirmando que, se as projeções dos infectologistas estiverem corretas, de a pandemia atingir seu pico em 60 dias e começar a cair em mais 60, a economia poderá se recuperar rapidamente.
“Mas a rapidez vai depender dos efeitos que a pandemia tiver na população”, ressaltou.
Recentemente, o bilionário norte-americano Bill Gates também criticou o posicionamento de líderes globais – especialmente de Donald Trump, presidente dos EUA e ídolo de Bolsonaro – diante do novo coronavírus.
“É muito difícil dizer às pessoas: ‘Ei, vá a restaurantes, compre casas novas, ignore a pilha de corpos ali no canto, queremos que você siga gastando, porque talvez haja algum político que pensa que o crescimento do PIB é o que realmente importa’”, declarou em sua apresentação no TED Connects.