O BRICS ganha mais um impulso em sua busca por maior autonomia financeira. O Banco Central do Brasil (BCB) e o Banco Popular da China (PBoC) selaram um acordo histórico de swap de moedas. Uma manobra estratégica que visa facilitar o comércio entre os dois países sem a necessidade de utilizar o dólar. A assinatura do acordo ocorreu nesta terça-feira (13) em Pequim. A solenidade contou com a presença dos presidentes dos respectivos bancos centrais, Gabriel Galípolo e Pan Gongsheng.
Mecanismo de swap: como funciona o sistema de troca
Um swap cambial bilateral é um instrumento utilizado por bancos centrais para trocar moedas de seus países por um determinado período. No caso do acordo entre Brasil e China, a Resolução CMN nº 5.211, de 12 de maio de 2025, estabelece as regras e limites para as operações.
Na prática, o mecanismo permite que o comércio bilateral seja liquidado diretamente em Real brasileiro (BRL) ou Yuan chinês (CNY). O BCB garante que essas operações respeitem critérios de equilíbrio financeiro, observando taxas de câmbio e juros internacionais, por exemplo.
Os recursos recebidos pelo PBoC em reais ficarão depositados no Brasil, com uso restrito e sem remuneração. Embora ambos os países estejam explorando Moedas Digitais de Bancos Centrais (CBDCs), como o Yuan Digital e o Drex, não está claro se o novo acordo facilitará swaps também em CBDCs.
BRICS: rumo à desdolarização no comércio bilateral
O principal objetivo desse acordo de swap é facilitar o comércio entre Brasil e China sem a intermediação do dólar. Essa iniciativa se encaixa em um movimento mais amplo dos países do BRICS que buscam reduzir sua dependência do dólar em transações internacionais.
Em suma, a prática de assinar swaps cambiais entre bancos centrais tornou-se mais comum após a crise financeira de 2007. O Banco Central do Brasil informou que já conversa com outros bancos centrais para viabilizar acordos similares ao fechado com a China. O intuito, portanto, é expandir a rede de swaps.
Contexto global e outros acordos
O Banco Central do Brasil ressalta que o Federal Reserve (Fed) dos EUA também é um de seus parceiros internacionais, com um acordo permanente (FIMA Repo Facility). Isso permite ao Brasil ter acesso a dólares por meio de operações compromissadas. Desse modo, tendo como contrapartida a compra de títulos do tesouro dos EUA.
- Saiba como ainda é possível ganhar dinheiro jogando em 2025.
Por sua vez, o PBoC já possui uma extensa rede de acordos de swap com mais de 40 bancos centrais ao redor do mundo, incluindo na Europa. Assim, a assinatura do acordo entre Brasil e China ocorre em um momento em que o presidente dos EUA tem acompanhado as negociações entre países do BRICS que buscam evitar o uso do dólar.
O presidente Lula também cumpre agenda na China, reforçando as relações bilaterais. O acordo de swap entre Brasil e China representa um passo concreto na busca por maior autonomia financeira. Além disso, procura diversificar os mecanismos de liquidação de comércio internacional dentro do BRICS.