Leidimar Lopes, presidente da Unick Forex, nunca pretendeu pagar os clientes da empresa acusada de esquema de pirâmide financeira, segundo reportagem do Jornal NH publicada nesta quarta-feira (22).
A matéria revela diálogos entre o líder do negócio que fez mais de 1,5 milhão de vítimas e um parente em setembro do ano passado, obtidos através de escuta.
Ao reclamar sobre os clientes que pediam cancelamento de conta na plataforma da empresa que oferecia lucros por meio de investimentos com criptomoedas, Leidimar declara:
“Por que os que continuam tão tudo certo aqui? Por que eles quiseram cancelar? Eles que vão se f… agora. Não mandei ninguém pedir cancelamento.”
O presidente da Unick continua, dizendo que organizou a empresa “pra quem quer continuar, não pra quem quer parar”, e afirma:
“Eu nunca falei pra ninguém que devolvia dinheiro pra alguém. Ou ouviu eu falando alguma vez isso aí pra alguém? Que se f… agora.”
O parente, que durante a ligação concordava com as declarações do líder da empresa, disse:
“Não sei, dá até medo de sair né.”
Ao que Leidimar Lopes responde sugerindo “se cuidar” andando com uma “pistola carregada”, e tomar cuidado se tentarem parar o carro ou chegarem perto: “Não tem que parar”, alerta.
“Tem que se fazer de loco, e lá no meio do mato, se alguém se atravessar, tem que meter (o carro) em cima e tocar-lhe fogo. Não dá pra dá moleza”, disse o líder da pirâmide.
Do outro lado da linha, o parente concorda com Leidimar, e diz:
“É, já vou carregar os pentes. Carreguei dois pentes de bala, vou carregar mais um outro”, afirma, dizendo que pretendia passar uns dias na “Neli” (identidade não especificada).
Líderes estão presos
Os principais líderes da Unick Forex estão presos desde a Operação Lamanai, executada pela Polícia Federal (PF) em outubro do ano passado. Leidimar Lopes e o diretor de Marketing, Danter Silva, já tentaram habeas corpus, mas a Justiça rejeitou os pedidos todas as vezes.
A empresa, que segundo denúncia do Ministério Público, arrecadou cerca de R$ 28 bilhões em dois anos de atividade, contava ainda com um sócio oculto, o advogado Fernando Baum Salomon, que teria contratado um serviço de espionagem para obter informações sigilosas de interesse da Unick.
As autoridades ainda investigam pelo menos 1.200 pessoas ligadas ao esquema só no estado do Rio Grande do Sul, onde ficava a sede da empresa.