Embora o Brasil enfrente o surto mais grave de COVID-19 da América Latina, o país também registra a melhor retomada econômica da região, aponta a Bloomberg.
O país fica atrás apenas dos Estados Unidos como epicentro global do novo coronavírus.
No entanto, de acordo com a matéria, os motivos para tal conquista no quesito econômico têm a ver com território brasileiro ter passado por uma rápida reabertura do comércio e as medidas de estímulo temporárias.
Com a retomada de operações das fábricas e bilhões em ajuda emergencial do governo, as vendas no varejo e produção industrial registraram um desempenho acima das expectativas de economistas.
De acordo com Marco Oviedo, chefe de pesquisa econômica para a América Latina do Barclays:
“O Brasil se beneficiou por manter alguns setores da economia abertos”, afirma.
Contudo, o Oviedo ressalta que isso não deve significar ignorar as recomendações de distanciamento social, e afirma:
“É preciso enviar uma mensagem de que isso é sério.”
Enquanto México e Argentina, os principais concorrentes regionais do Brasil, têm projeções de queda de 9,8% e 12,5% na economia, o território brasileiro espera uma retração de 5,6% em 2020, de acordo com a pesquisa Focus.
Enquanto isso, o Ibovespa já acumula uma alta de 30% nos últimos três meses.
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, chegou a considerar muito pessimista a previsão da própria instituição, de queda de 6,4% do PIB em 2020.
Mas economistas temem que a propagação incessante do vírus no Brasil ainda possa atrasar sua recuperação econômica.
Para parte deles, os programas de assistência influenciam mais nos indicadores positivos do que a flexibilização de restrições das quarentenas.
Enquanto outros países contam com medidas mais rígidas de quarentena, Liliana Rojas-Suarez, diretora da Iniciativa para a América Latina do Centro para o Desenvolvimento Global, afirma:
“[No Brasil] Você tem todos esses experimentos diferentes na região com diferentes graus de quarentenas, mas com pouco sucesso”, diz. “O problema é que simplesmente não é viável.”