Nos últimos anos, o número de investidores de criptomoedas no Brasil cresceu consideravelmente. Com esse crescimento, tornou-se possível fazer tatuagens, hospedar-se em hotéis, adquirir imóveis, pagar mensalidades de instituições de ensino, entre outras coisas, com Bitcoin (BTC) e às vezes até com Ethereum (ETH).
Entretanto, mesmo com essas possibilidades, a adoção mais ampla de uso diário de criptomoedas encontra como empecilho a falta de clientes dispostos a usar a forma de pagamento.
São diversos os estabelecimentos que oferecem a oportunidade de pagamentos com criptomoedas, mas estes relatam que nunca sequer efetuaram uma venda usando essa modalidade.
Um exemplo é o Parque Hotel Holambra, em São Paulo, que passou a aceitar Bitcoin há cerca de três anos. Durante este tempo, nenhum hóspede interessado em pagar sua hospedagem com criptomoedas entrou em contato, de acordo com o diretor do hotel.
A mesma realidade acontece com outros estabelecimentos. Inclusive, alguns, pela falta de procura, desistiram da ideia de aceitar criptoativos.
Por que ninguém quer pagar com criptomoedas?
A verdade é que, um dos motivos para a falta de procura pela opção de pagamento, é o momento negativo do mercado.
O presidente executivo da BitcoinToYou, André Horta, apontou:
“Se a pessoa compra um Bitcoin batendo quase R$370 mil e agora vê que está a R$220 mil, ela não vai pegar esse ativo que comprou tão caro e gastar em uma roupa. Na cabeça dela, se fizer isso vai estar realizando o prejuízo. Ela segura na carteira e espera a cripto voltar”.
Vale destacar que a BitcoinToYou é uma das primeiras exchanges a entrar em operação no mercado brasileiro.
A mesma lançou o B2U Pay no ano passado para colaborar com a intermediação de pagamentos efetuados em criptoativos para comerciantes do varejo.
Entretanto, o serviço utilizado por 100 lojas atualmente tem pouquíssimo movimento.
Mas, se no varejo as coisas são mais difíceis, em alguns ramos a ideia é muito bem acatada.
Algumas construtoras passaram a aceitar pagamentos em Bitcoin e Ethereum para a quitação de até 100% do valor dos empreendimentos.
Algumas delas são as construtoras Melnick e Even, que realizaram a primeira transação em dezembro passado, vendendo duas unidades de um prédio residencial no bairro Bela Vista, em São Paulo. A aquisição dos imóveis aconteceu com Bitcoin, valendo cerca de R$1 milhão cada.
Forma de pagamento não é legal no Brasil
Apesar de a ideia estar crescendo entre os empresários, as criptomoedas não tem esse status legal perante a legislação do nosso país. Esse tipo de pagamento, na verdade, é considerado permuta de bens.
Ou seja, quando as partes trocam produtos e serviços em comum acordo sobre seus respectivos valores correspondentes.