A Microsoft registrou, no Brasil, uma série de aplicações voltadas para a agricultura, envolvendo coleta de grandes quantidades de dados das fazendas usando diversas tecnologias.
O Farmbeats, como é chamado, é um projeto de agricultura de precisão baseado no uso de dados. Ele inclui aplicações como blockchain, IoT, drones, Inteligência Artificial, Big Data e Cloud.
O programa foi aplicado em fazendas nos EUA, Índia, Nova Zelândia e Quênia nos últimos quatro anos, resultando na redução de 30% no consumo de água, e de 44% no tempo de controle de PH.
Farmbeats no Brasil
Durante sua visita ao Brasil, Ranveer Chandra, cientista-chefe global da Azure (aplicação em nuvem da Microsoft) e responsável pela criação do projeto, disse, em entrevista à Época, que o sistema deve começar a ser produzido comercialmente até o final do ano — e incluirá o Brasil.

“O Brasil é um dos primeiros países que vem à mente quando pensamos em agricultura. Desenvolvemos o FarmBeats de maneira que sua tecnologia pudesse ser aplicada aqui e em outros países em desenvolvimento.”
Ao falar sobre sustentabilidade, o cientista afirmou que essa tecnologia torna a produção mais sustentável, porque os dados ajudam a criar uma agricultura mais precisa.
Sendo assim, “ao mapear uma fazenda, você consegue medir a umidade, o índice de PH, a temperatura e os nutrientes do solo em cada área. Em vez do agricultor aplicar a mesma quantidade de água, fertilizantes e pesticidas de forma homogênea por todo o campo, aplica somente onde for necessário”, argumentou.
“Dessa forma, você aumenta o rendimento, reduz o custo e reduz o impacto ao meio ambiente.”
Segundo ele, o objetivo do projeto é combinar o conhecimento dos agricultores com os dados obtidos, visando melhores decisões no setor
O Brasil precisa se transformar
Chandra também falou sobre o futuro, enfatizando que a alimentação é um dos grandes problemas da humanidade.
Segundo ele, a produção de alimentos precisa aumentar em 70% até o ano de 2050 para sermos capazes de alimentar a população mundial.
“Não só precisamos ser mais produtivos, mas também criar alimentos mais nutritivos e saudáveis”, afirmou.
“O Brasil, como o restante do mundo, precisa se transformar para chegar ao próximo estágio. O movimento tem sido lento. Muitos países estão usando satélites para recolher dados sobre o agronegócio. Mas essa opção não é acessível e por isso não pode ser aplicada em larga escala. Os governos precisam subsidiar a tecnologia, da mesma forma que fazem com fertilizantes e agricultura. Os órgãos públicos já entendem que esses produtos são necessários para a produtividade do agricultor, mas não perceberam que os dados precisam ser colocados no mesmo pacote”, concluiu.