A SEC dos Estados Unidos entrou com um processo contra o Silvergate Capital Corp., banco da Califórnia que sofreu fortes impactos com a queda da exchange de criptomoedas FTX.
A ação judicial alega “fraude de valores mobiliários” e também cita diversos ex-executivos do Silvergate como réus. Dentre eles, o ex-CEO Alan Lane, a ex-COO Kathleen Fraher e o ex-CFO Antonio Martino.
A história do Silvergate no mercado cripto
Fundado em 1988, o Silvergate se aventurou no mercado de criptomoedas em 2013, tornando-se um dos poucos bancos tradicionais a atender o setor de ativos digitais.
O banco era conhecido por seu sistema de pagamento que convertia depósitos em dólares americanos em criptos para investidores e empresas do setor.
No entanto, o Silvergate se viu envolvido na crise da indústria blockchain no final de 2022 com a queda da FTX.
A SEC alega que, entre novembro de 2022 e janeiro de 2023, o banco e seus executivos enganaram investidores ao afirmarem que possuía um robusto programa de compliance com a Lei de Sigilo Bancário/Antilavagem de Dinheiro (BSA/AML) e monitorava ativamente seus clientes de alto risco no setor de criptomoedas.
De acordo com a Comissão, o sistema automatizado de monitoramento de transações do Silvergate falhou em monitorar mais de US$1 trilhão em transferência de seus clientes na plataforma de pagamentos do banco, o Silvergate Exchange Network.
Gurbir S. Grewal, diretor da Divisão de Fiscalização da SEC, afirmou que as empresas públicas e seus executivos têm o dever de falar a verdade aos investidores, especialmente em momentos de crise.
Grewal acusou o Silvergate e seus executivos de não apenas falharem nesse dever, mas de fazê-lo de forma fraudulenta.
Em vez de revelar falhas graves em seus programas de compliance após o colapso da FTX, um de seus principais clientes, eles enganaram os investidores, resultando na falha em detectar quase US$9 bilhões em transferências suspeitas, o que levou à queda das ações do Silvergate e à perda de bilhões em valor de mercado.
Em 5 de janeiro de 2023, o banco revelou que o colapso da FTX havia desencadeado uma corrida aos saques, resultando em uma queda de depósitos de US$8,1 bilhões, ou mais de 68%, nos três meses encerrados em dezembro de 2022.
Após não conseguir atender às demandas de retirada dos clientes, o Silvergate anunciou sua intenção de encerrar as operações e liquidar, tornando-se uma das primeiras vítimas da crise bancária dos EUA em 2023.