Uma transação envolvendo o CryptoPunk 1563 chamou atenção ao ser vendido por 24.000 ETH, equivalentes a US$ 56,3 milhões. O alto valor do NFT, arte pixelada retratando uma mulher de cabelos escuros e olhos azuis, surpreendeu por aparentar não ter atributos raros, o que normalmente justificaria preços mais modestos dentro da famosa coleção.
O que mais intriga é que, apenas um mês antes, o mesmo NFT havia sido vendido por 30 ETH, algo em torno de US$ 69 mil. Ou seja, a venda atual representa uma valorização de mais de 81.000%.
Sinais de alerta: empréstimos rápidos e manipulação de preços
Dados on-chain mostram que a transação foi realizada através de um empréstimo rápido não colateralizado, comum no universo DeFi. Nesse caso, o comprador utilizou 24.000 ETH emprestados da plataforma Balancer, que foram pagos pelo vendedor logo em seguida. No entanto, não houve lucro real, pois os valores envolvidos foram revertidos, e a única despesa foi referente às taxas da rede.
Esse tipo de prática, embora permitida pela tecnologia blockchain, é incomum em transações legítimas de NFTs de alto valor.
Lançamento de token e tática de marketing
De acordo com investigações conduzidas por especialistas anônimos, como o investidor 0xQuit, a transferência pode ter sido um movimento coordenado para gerar publicidade em torno da pré-venda de um token relacionado à memecoin “Kamala Harris Punk”.
A tese é de que o NFT será novamente colocado à venda após uma fase de pré-venda da altcoin, que durará sete dias.
O lance vencedor poderá adquirir o NFT, desde que o valor ofertado seja superior ao arrecadado durante a pré-venda.
Segundo 0xQuit, o desenvolvedor do projeto receberia 10% do total de tokens emitidos, além de 10% dos fundos levantados tanto pela venda do NFT quanto pela pré-venda do token. O restante dos recursos seria utilizado para criar um pool de liquidez na Uniswap.
Riscos dessa jogada
No entanto, o sucesso dessa estratégia depende de obter valores superiores ao estimado valor atual do CryptoPunk 1563, que gira em torno de US$ 63 mil. Se o plano falhar, 0xQuit acredita que o contrato inteligente pode ser atualizado, proporcionando alguma forma de proteção aos envolvidos.
O especialista também caracterizou toda a movimentação como uma “manobra psicológica” (psyop), apontando que o objetivo parece ser mais promocional do que uma venda real. Além disso, ele sugeriu que o nome peculiar e os elementos visuais, como a maquiagem exagerada, podem carregar uma mensagem política velada.