Uma pesquisa realizada pelo Wall Street Journal entre 4 e 8 de outubro aponta que a maioria dos economistas acredita que as políticas de Donald Trump levariam a um aumento da inflação, das taxas de juros e dos déficits fiscais, em comparação às propostas de Kamala Harris.
As políticas econômicas de ambos os candidatos foram analisadas, e a distância entre suas abordagens se tornou ainda mais evidente. Harris propõe créditos fiscais para famílias com recém-nascidos e incentivos para a compra de imóveis, enquanto Trump se compromete a cortar impostos sobre salários de horas extras, benefícios do Seguro Social e empréstimos automotivos.
Detalhes da pesquisa
Dos 50 economistas entrevistados, 68% indicaram que as políticas de Trump resultariam em um aumento acelerado dos preços, um salto em relação aos 56% que opinaram da mesma forma na pesquisa anterior. Apenas 12% acreditam que a inflação seria maior sob Harris.
Dan Hamilton, economista da Universidade de California Lutheran, é um dos que mudaram de posição desde a última pesquisa. Ele e seu colega Matthew Fienup eram céticos quanto ao impacto das políticas de Trump.
Hamilton agora afirma que a postura do ex-presidente em relação ao comércio piorou após sua proposta de tarifas entre 10% e 20% sobre todas as importações, além de uma proposta de 60% sobre produtos chineses.
Economistas destacam que as tarifas afetam os exportadores estrangeiros e se traduzem em preços mais altos para os consumidores norte-americanos.
“As pessoas podem se surpreender de maneira desagradável”, disse Philip Marey, estrategista sênior do Rabobank, expressando pessimismo.
Embora as políticas de Trump tenham um potencial custo elevado, ele continua a defender as tarifas como solução para reverter a perda de empregos nos EUA e aumentar a arrecadação do governo, desconsiderando críticas sobre a inflação durante seu mandato, destacando que a inflação era mais baixa em seu governo do que sob Biden.
Déficits em alta com Trump
As propostas fiscais de Trump não se restringem às tarifas. Em sua campanha, ele prometeu eliminar impostos sobre a renda do Seguro Social e sobre horas extras, além de reduzir impostos para norte-americanos residentes no exterior.
Em contraste, Harris não fala sobre cortes fiscais expressivos em seu programa. Assim, 65% dos economistas acreditam que as políticas do republicano criariam mais pressão sobre o déficit federal, que poderia crescer em até US$ 7,5 trilhões ao longo da próxima década, mais do que o dobro das adições previstas pelas propostas da democrata.
O aumento do endividamento resulta em taxas de juros mais altas. Dos economistas consultados, 61% afirmaram que as taxas de juros seriam superiores sob Trump do que sob Harris. Isso representa um mau presságio para aqueles que planejam contrair empréstimos, pois as taxas de hipoteca, financiamento de veículos e cartões de crédito também subiriam, impactando toda a economia.
Quando questionados sobre o efeito das tarifas propostas por Trump sobre os empregos na indústria manufatureira nos próximos três a cinco anos, 59% dos economistas afirmaram que o emprego na área diminuiria, enquanto apenas 16% previam um aumento.
Harris: uma abordagem mais moderada
Embora Harris não tenha se posicionado como defensora da responsabilidade fiscal, suas propostas não falam sobre os cortes drásticos sugeridos por Trump. Suas políticas focam em programas sociais específicos, como créditos para compra de imóveis e assistência a famílias com recém-nascidos.
Embora essas iniciativas possam ser caras, elas não se comparam à magnitude dos cortes e tarifas que seu oponente propõe.
Os economistas estão divididos em relação ao crescimento econômico. Enquanto 45% acreditam que a economia cresceria mais rapidamente sob Harris, 37% preveem um crescimento mais robusto com Trump.
Hamilton, da Universidade de California Lutheran, sugere que os cortes de impostos corporativos e a desregulamentação poderiam oferecer um impulso econômico temporário, mas, a longo prazo, as políticas de Trump são vistas como uma roleta russa para a estabilidade financeira dos Estados Unidos.