O dólar americano disparou nas últimas semanas, ultrapassando a faixa dos R$ 5,70. A moeda dos Estados Unidos está agora próxima da sua máxima histórica de R$ 5,85 alcançada em maio de 2020.
No entanto, o governo brasileiro segue expandindo a base monetária do real, enquanto a base do dólar segue praticamente estável desde 2022. Notavelmente, o crescimento da base monetária é um fator que influencia diretamente a inflação futura, e por consequência as taxas de câmbio.
Confira abaixo o gráfico M2 do real brasileiro, métrica que mede a quantidade de reais em circulação. Como pode ser visto na imagem abaixo, o M2 do real começou a crescer de forma acelerada a partir de 2020, movimento que não foi pausado até hoje.
O dólar americano, por sua vez, passou por uma expansão notável a partir de 2020. No entanto, a emissão de dinheiro permanece praticamente estática desde o final de 2021, como pode ser visto em dados do Federal Reserve:
Disparada do dólar
A longo prazo, a expansão da base monetária sem lastro correspondente é normalmente o fator predominante para a perda do poder de compra de uma moeda nacional. A base monetária do peso argentino, por exemplo, quintuplicou desde 2020, fazendo a moeda se desvalorizar massivamente:
Normalmente, a base monetária é expandida para que governos possam estimular a economia ou para que gastos deficitários sejam cobertos.
Historicamente, o dólar americano segue uma tendência de alta em relação ao dólar americano. A principal moeda do mundo já foi negociada até mesmo a 90 centavos de real em meados de 1995, como pode ser visto na imagem abaixo:
Neste contexto, uma continuação da tendência histórica pode ser aguardada para os próximos anos. A situação fiscal dos Estados Unidos e do Brasil é bastante semelhante, com ambos governos enfrentando défices fiscais sistemáticos ao longo dos anos.
Por sua vez, uma das promessas de campanha de Donald Trump é a resolução dos problemas da dívida dos Estados Unidos, que ultrapassam os US$ 35 trilhões. Notavelmente, Trump prometeu criar um departamento chefiado por Elon Musk com objetivo de reduzir despesas do governo federal.
Além disso, Trump também prometeu criar uma reserva estratégica de bitcoin para o governo dos Estados Unidos. Estas medidas, se implementadas, podem provocar grande pressão positiva do dólar sobre o real brasileiro.
É altamente provável que o real brasileiro alcance a faixa de R$ 6, R$ 8 e depois R$ 10 nos próximos anos.
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