Em meio às aventuras de day traders na Bolsa de Valores, um investidor acabou perdendo R$ 1 milhão após uma “falha” global ocasionada por robôs de negociação.
Alex Martins, analista CNPI da Felix Traders, começou a operar no mercado financeiro há cerca de 20 anos, e foi negociando contratos de minidólar e mini-índice que perdeu a fortuna, segundo publicação do E-Investidor.
O dia era 6 de maio de 2010, quando um operador cometeu um erro que desencadeou uma perda de US$ 1 trilhão no mercado de ações norte-americano.
Apesar da intensa queda, o mercado se recuperou rapidamente, no que ficou conhecido como o dia do Flash Crash.
Martins conta que “como foi um erro interno, a notícia não vazou para o mercado”, por isso, quem ficou de fora “começou a especular o que podia ser”.
“Cogitei a hipótese de ser um atentado terrorista”, disse o trader.
O investidor explica que a falta de informações e a movimentação dos robôs de negociação de alta frequência (HFTs) levaram a um efeito manada sem fim, resultando numa alta de 6% no dólar naquele dia e grandes perdas para muitos investidores.
“Eu não imaginava que o erro de um único operador pudesse desencadear um efeito negativo para tantos investidores. A visão que eu tinha era que se um dia acontecesse algum fenômeno desse tipo, eu estaria na ponta vencedora”, diz Martins.
O responsável pelo movimento atípico foi Navinder Sarao, um operador autodidata residente em Londres, no Reino Unido.
As autoridades não demoraram a descobrir que Sarao fez uma pequena fortuna manipulando o mercado.
O britânico lançou ordens milionárias e, rapidamente, fez cancelamentos por meio de softwares de investimentos. O objetivo? Enganar os robôs de negociação de alta frequência, criando uma falsa demanda no mercado.
Depois do prejuízo milionário, Martins deixou o day trade. Contudo, o grande motivador, segundo ele, não foi a perda de R$ 1 milhão.
O investidor afirma que a prática o tornou “muito imediatista”, atrapalhando sua vida pessoal, além de tornar difícil se desligar do trabalho, devido à facilidade em operar de qualquer lugar. Mas o que o tirou do day trade, de fato, foi a demanda por cursos sobre o assunto:
“No começo eu não tinha interesse, até que se tornou uma crescente surreal. Eu sempre tive vontade de ser educador e dei muitas palestras, então resolvi absorver essa demanda e montar uma turma”, explica.
Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) no ano passado, revelou que 99% dos day traders saem no prejuízo.