A África é o campeão global indiscutível na adoção das criptomoedas, com crescimento superior a 1200% somente no ano passado, de acordo com relatórios da Chainalys, a principal empresa de análise de dados em blockchain. O resto do mundo registrou um aumento também expressivo de 880% no mesmo período.
Não apenas o mercado de criptomoedas da África cresceu mais de 1.200% em volume no ano passado, mas a região também tem uma das maiores adoções de usuários do mundo, com Quênia, Nigéria, África do Sul e Tanzânia classificados entre os 20 primeiros no Índice de Adoção de Criptomoedas Global.
Como relata a Chainalysis, o crescimento da adoção na África tem sido mais substancial entre varejistas e comerciantes não institucionais, o que está em total contraste com o cenário nos países desenvolvidos, onde os investimentos institucionais são fundamentais para o ecossistema.
Outro gráfico mostra que a negociação ponto a ponto é extremamente popular no continente – muito mais do que no resto do mundo. A Chainalysis conta as negociações P2P como um fator importante para a adoção das criptomoedas, junto com compras, remessas e outras interações financeiras que usam criptomoedas como meio de troca.
De acordo com dados compartilhados pela Useful Tulips, o crescimento do comércio em plataformas p2p disparou desde 2020. No entanto, fora das exchanges tradicionais, há uma preferência por mecanismos mais privados e informais, como grupos Whatsapp e Telegram, logo, o volume de transações P2P é muito maior na realidade do que mostram os dados compilados.
A Chainalysis explica que as plataformas P2P começaram a roubar participação de mercado de bolsas centralizadas. De acordo com Adedeji Owonibi, CEO e fundador da empresa de consultoria de blockchain da Nigéria, Convexity, exchanges centralizadas estão se tornando menos populares conforme os africanos mudam suas preferências para plataformas P2P.
Considerando que o continente é dominado pela população sem conta bancária, o uso de plataformas P2P se consolidou como uma forma fácil de movimentar fundos internamente. No entanto, o relatório diz que quase 96% das cripto-transferências na África estão relacionadas ao mercado de remessas.
Artur Schaback, COO da Paxful, explicou à Chainalysis que, além dos custos, existem restrições legais que os africanos podem contornar graças às criptomoedas:
“Se o governo estiver limitando estritamente a quantidade de dinheiro que as pessoas podem enviar para o exterior, eles serão criativos e recorrerão à criptomoeda. Em muitos desses mercados de fronteira, as pessoas não podem enviar dinheiro de suas contas bancárias para uma bolsa centralizada, por isso contam com o P2P. ”
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