Com dívidas trilionárias, estados nacionais começam a colapsar com inflação

Nas últimas décadas, especialmente após a crise de 2008, o mundo observou uma aceleração acentuada nas dívidas governamentais, da qual muitos países hoje ultrapassam mais de 100% do PIB em dívidas, como é o caso de Japão, EUA, Itália, Portugal e dezenas de outros.

A falta de austeridade fiscal e descontrole dos gastos do governo, faz com que o total arrecadado pelos estados não seja o suficiente para arcar com os custos da máquina pública, e acabam recorrendo a mais cobranças às suas populações, ou as gerações futuras por meio de dívidas.

Existem três formas fundamentais de os estados nacionais se financiarem, que são por meio da 1) cobrança de impostos; 2) impressão de dinheiro e 3) emissão de dívidas. 

Em muitos estados, estas três fontes de financiamento estão comprometidas, chegando ao seu limite, o que obriga governos a cada vez mais comprometer a sua moeda através da impressão de dinheiro, gerando inflação.

A cobrança de impostos é limitada pela Curva de Lafer, que define que existe um ponto máximo para a tributação do governo. 

A partir desse ponto, qualquer aumento em impostos tende a gerar menos dinheiro para o estado, visto que negócios efetivamente deixarão de ocorrer, e os incentivos para a evasão fiscal aumentarão drasticamente.

A emissão de dívidas é limitada pela disposição dos credores, que podem ou não optar por emprestar dinheiro a um determinado governo. 

Em última instância, o governo é considerado a melhor instituição para se emprestar dinheiro, visto que ele sempre pode imprimir mais moeda para arcar com a sua dívida, caso ela seja denominada na sua moeda nacional.

Por fim, a impressão de moeda é o financiamento último dos governos, que podem recorrer a este meio para arcar com os seus custos. 

Contudo, este fator é limitado pela destruição da sua própria moeda, que se torna progressivamente menos valiosa conforme a sua oferta aumenta no mercado.

Na prática, muitos países hoje enfrentam dificuldade para aumentar a sua carga tributária, já estão próximos do seu limite de endividamento máximo e recorrem agora a impressão de dinheiro para arcar com suas despesas.

Dados do Banco Central dos EUA  demonstram que cerca de 67% dos dólares existentes, medidos pelo M2 Stock Money, foram criados a partir de 2008. No Brasil, 46% dos reais existentes foram impressos em 2020.

Na prática, estados estão levando ao limite a sua forma primária de financiamento, destruindo o poder de compra da sua população com a inflação.

No cenário atual, muitos governos não podem mais recorrer a um aumento substancial da taxa de juros para conter a inflação, visto que isto os tornaria insolventes, incapazes de arcar com os juros das suas dívidas exorbitantes.

Confira a fala do economista Peter Schiff, conhecido por prever a crise financeira de 2008:

“Quando a Dívida Nacional atingir US$ 30 trilhões, se um aumento no IPC forçar as taxas de juros a subir para 10% (as taxas atingiram 20% em 1980), os juros sobre a dívida logo excederiam toda a arrecadação de impostos federais. Isso significa que um orçamento equilibrado exigiria que todos os outros gastos federais fossem eliminados!”

A marca de 30 trilhões em dívida foi alcançada recentemente, em fevereiro de 2022.

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