O Chegg Study é um aplicativo destinado a estudantes, disponível nas plataformas de download custando a bagatela de US$14,95 ao mês. O app criado pela empresa Chegg – cujo preços das ações triplicaram durante a pandemia – tem como objetivo dar a resposta para questões de livros e exames dentro de poucos minutos.
A Chegg tem sua sede em Santa Clara, Califórnia, mas o coração das suas operações está na Índia. O negócio emprega no país mais de 70.000 especialistas com graduação avançada em matemática, ciências, tecnologia e engenharia.
Os especialistas, que trabalham como freelancers, estão online 24 horas por dia, 7 dias por semana, fornecendo todas as respostas necessárias para as perguntas postadas pelos assinantes.
Chegg oferece outros serviços aos alunos, como ferramentas para criar bibliografias, resolver problemas matemáticos e melhorar a redação. Entretanto, o principal gerador de receita e a razão pela qual os alunos se inscrevem no aplicativo é o Chegg Study.
Em pesquisa feita com 52 alunos, apenas 4 afirmaram que nunca colaram em questões do colégio ou faculdade. “Eu uso o Chegg para colar descaradamente”, disse um dos alunos.
Aumento com a pandemia
As assinaturas do aplicativo tiveram um grande crescimento desde que quase todos os colégios e faculdades do mundo se tornaram virtuais. Apenas no terceiro trimestre, o crescimento foi de cerca de 69% em relação ao ano anterior.
A receita dos últimos nove meses aumentou cerca de 54%, ou seja, pulou para cerca de US$440 milhões. A previsão da empresa para 2020 é que o aplicativo atinja a marca de US$630 milhões. (Até o momento, o Chegg não divulgou os números finais de 2020).
Enquanto isso, suas ações subiram 345% desde março, quando o país começou a sofrer com a pandemia. A empresa agora está avaliada em mais de US$12 bilhões.
O aplicativo não foi feito para “colar”
O CEO da Chegg, Dan Rosensweig afirmou que o aplicativo “não foi feito” com o objetivo de colar. Ele descreve o “app” como um tutor assíncrono e sempre ativo, pronto para ajudar os alunos com respostas detalhadas sobre os problemas.
Outros dois executivos da Chegg, os vice-presidentes Arnon Avitzur e Erik Manuevo, reforçaram as palavras ditas por Rosensweig sobre o objetivo do projeto. Segundo Avitzur, o “app” está aí para oferecer aos alunos um serviço personalizado e ajudá-los a se soltar.
A realidade tem sido diferente
De acordo com Timothy Powers, chefe do escritório do sistema de honra da universidade Texas A&M, os estudantes de um curso de finanças usaram o Chegg para responder a vários exames online. Powers ainda citou que centenas de alunos sequer mudavam as respostas para enviar.
No ano passado, as escolas gastaram milhões em supervisão remota. A prática gerou uma grande polêmica, afinal, as faculdades estavam pagando empresas privadas para vigiar os alunos enquanto eles faziam os testes.
Na supervisão, as equipes bloqueiam os navegadores da web dos alunos e os assistem através das câmeras de seus laptops. Os críticos dizem que os serviços invadem a privacidade dos alunos.
As colas sempre existiram
A verdade é apenas uma: os alunos sempre colaram. No século XII, estudantes chineses costuraram cópias em suas roupas, no tamanho de caixas de fósforos, para colar em concursos públicos.
O tamanho do problema é difícil de medir, afinal são diversas as formas usadas para colar em uma prova. Além disso, é difícil saber se o fato está acontecendo, nenhum dos “trapaceiros” admite fazer o uso de colas.
Mas, quais são os motivos que levam a cola? Os professores afirmam que os motivos são os mais variados possíveis, que vão desde obter as melhores notas para entrar em uma universidade a economizar tempo para jogar futebol ou trabalhar.