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Economia: Autor propõe sistema “mais socialista e mais liberal do que Karl Marx e Milton Friedman jamais imaginaram”

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Glen Weyl, economista norte-americano, veio recentemente ao Brasil para o lançamento de seu livro, “Mercados Radicais”, e falou com o Estadão sobre sua proposta para uma sociedade menos desigual, mais democrática e com maior crescimento econômico.

Aluno do economista brasileiro José Alexandre Scheinkman, Weyl defende um sistema social que seja “ao mesmo tempo mais socialista e mais livre mercado do que Karl Marx e Milton Friedman jamais imaginaram”, como proposto em seu livro.

Weyl e seu colega, Eric Posner, coautor e professor de Direito da Universidade de Chicago, defendem uma “radicalização dos mercados” para superar o que chamam de “estagdesigualdade” — fase atual do capitalismo, de crescimento econômico mais lento com desigualdades crescentes.

Sua proposta, batizada de COST, se baseia em um sistema em que a propriedade privada — que caracterizam como “monopólio”, que gera desigualdade e atrapalha o desenvolvimento econômico — passe a ser percebida como um bem comum da coletividade.

Assim, todos os indivíduos terão um registro público dos seus bens, com o valor livremente fixado pelos proprietários, que deverão estar prontos para vender obrigatoriamente seus bens caso apareça um comprador oferecendo um valor maior do que o registrado por ele.

Os autores acreditam que, dessa maneira, os cidadãos são incentivados a declarar seus bens pelo seu valor real para não os perder.

Outro detalhe importante sobre a ideia, é que seria cobrado um imposto sobre o valor total dos bens, como uma espécie de IPTU.

Para Weyl e Posner, o sistema oferece diversas vantagens, como garantir a alocação dos bens para que os indivíduos possam fazer melhor uso produtivo deles, além de redistribuir renda ao propiciar a arrecadação de um imposto para financiar, por exemplo, um fundo para renda universal básica.

Campo eleitoral

Em Mercados Radicais, considerado um dos melhores livros de 2018 pela The Economist, os autores defendem o fim do sistema eleitoral baseado no princípio de “uma pessoa, um voto”, propondo o que chamam de “voto quadrático”, onde os eleitores têm a possibilidade de comprar “créditos de opinião” para expressar a intensidade de suas preferências.

Dessa maneira, num referendo sobre saúde, por exemplo, o voto de um eleitor mais preocupado com a questão, pode ter mais peso do que o de um eleitor indiferente ao tema. Esse eleitor poderia até “comprar” votos adicionais para obter maior influência na votação.

O nome “sistema quadrático” vem da ideia de que cada voto a mais terá um custo maior, calculado por uma função baseada na raiz quadrada — o sistema impediria a imposição de maiorias artificiais, argumentam os autores.

Imigração

Para que os imigrantes tenham a oportunidade de salários maiores do que em seus países de origem, Weyl e Posner propõem um sistema em que os cidadãos comuns possam cobrar pela concessão de vistos a migrantes de países mais pobres.

De acordo com os autores, com o aumento da renda pessoal, esse sistema permitiria que seus anfitriões nos países desenvolvidos percebam de forma mais direta as vantagens econômicas da imigração, deixando de lado as atitudes xenofóbicas.

Críticas

Ao falar sobre Mercados Radicais, o economista Edmar Bacha afirmou que o grande diferencial do livro é que “ele estabelece uma nova dicotomia entre mercado e propriedade privada”.

“Suas propostas não são produtos de achismo ou de heterodoxia. Ao contrário, elas estão totalmente fundamentadas na melhor teoria econômica”, acrescentou.

No entanto, a economista Monica de Bolle afirma que “O livro tem ideias interessantes, mas propõe soluções inviáveis.”

Para ela, o livro ignora a política e a economia comportamental. “Confere um poder mágico à racionalidade dos mercados, quando, na verdade, as pessoas, frequentemente, não tomam decisões racionais.”

Em meio a muitas críticas positivas e negativas a respeito de sua obra, Glen Weyl, que é fundador e presidente da RadicalxChange Foundation e pesquisador principal da Microsoftt, afirma:

“As mudanças incrementais, mas que parecem práticas, são as mais impraticáveis, nos tempos atuais em que as pessoas estão procurando por coisas diferentes.”

“As pessoas precisam de uma visão, que lhes deem esperança e que lhes inspirem, ao mesmo tempo que lhe deem ações práticas que possam ser tomadas na direção dessa visão”, concluiu.

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