O governo de Santa Catarina (SC) teria aceitado propostas forjadas para a compra de R$33 milhões em respiradores ‘fantasmas’ para combater o coronavírus, conforme reportagem do The Intercept Brasil.
Os respiradores fantasmas foram vendidos por uma suposta pirâmide financeira com Bitcoin, segundo a reportagem, e o governo levou apenas cinco horas para decidir a compra.
Os aparelhos deveriam ter sido entregues no início de abril, em 48 unidades básicas de saúde do estado, mas não chegaram.
O equipamento foi vendido acima do preço do mercado que variam entre R$60 mil e R$100 mil.
A empresa Veigamed, da Baixada Fluminense, seria responsável pela venda dos respiradores.
Nos últimos cinco anos, a empresa vendeu apenas R$24.000 em produtos à União. Veigamed não possui histórico de vendas desses aparelhos, é especializada no comércio de produtos hospitalares como gaze e mobília.
No site da empresa não há informações sobre os respiradores ou qualquer outro tipo de equipamento elétrico de maior valor.
O CEO da Veigamed, Pedro Nascimento Araújo, informou na proposta encaminhada para o governo, que atuaria em conjunto com a Brazilian International Business.
O dono da importadora Brazilian International Business, Rafael Wekerlin, afirmou que chegou a ser procurado para uma parceria, mas não teve retorno, para depois dizer que não conhecia a empresa.
Rafael Wekerlin diz à reportagem que a Veigamed copiou seu orçamento e encaminhou ao governo de Santa Catarina.
“Copiaram no Word minha proposta e encaminharam. Mas note que eles esqueceram de tirar o meu nome”, afirma o dono da importadora.
Após finalizar a compra, a assessoria jurídica aconselhou a busca de “outros orçamentos a fim de justificar o preço”. O governo apresentou então outra empresa, MMJS, que não tinha registro de vendas de aparelhos hospitalares, mas oferecia 200 respiradores por R$45 milhões.
A empresa MMJS, até 2018 era conhecida como Bau Holdings, uma empresa que foi investigada em 2017 pela Justiça de Mato Grosso por venda ilegal de bitcoin e pirâmide financeira.
A Veigamed foi notificada em 8 de abril, contudo, a empresa só respondeu oito dias depois mudando o modelo de respiradores por “problemas com os fornecedores” e mudando a entrega para junho.
A assessoria jurídica da Saúde produziu um parecer pedindo o cancelamento da compra, multa de 10% do valor do contrato de (3,3 milhões) e suspensão de seis meses para a Veigamed firmar novos contratos com o governo do estado. Entretanto, não é mencionado o pagamento já feito de R$33 milhões.