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Mercados de apostas descentralizadas de morte preocupam políticos e governos

Mercados de aposta descentralizadas de morte - Criptomoedas, políticos, governos

Com a invenção da internet, das criptomoedas e de ferramentas descentralizadas, os mercados de apostas descentralizadas de morte, ou simplesmente mercados de assasinato, estão próximos de se tornarem uma realidade, com o primeiro caso semelhante ocorrido ainda em 2013.

Apesar do Bitcoin ter surgido apenas em 2009, muitos autores de ficção científica, economistas e cientistas da computação previram que seria inevitável a criação de um dinheiro criptográfico nativo da internet. De maneira semelhante, diversos autores previram que no futuro, quando houvesse uma adoção suficiente da internet e de criptomoedas anônimas, surgiriam os primeiros mercados de morte. 

Jim Bell, um famoso cripto-anarquista, descrito pela Revista Wired como “um dos ensaístas mais famosos da Internet”, descreveu em abril de 1997 um artigo de 10 partes intitulado Assassination Politics (Políticas de Assasinato), sobre o surgimento dos mercados morte descentralizados.

No seu artigo, Bell descreve que “uma organização poderia ser criada para anunciar legalmente que concederia um prêmio em dinheiro para alguém que “previu” corretamente a morte de um de uma lista de violadores de direitos, geralmente funcionários do governo ou nomeados.”

Para o cripto-anarquista, estes mercados tornarão estados nacionais inviáveis, e formarão as bases para o novo direito e para a nova justiça privada. Para Bell, estas ideias têm o potencial de eliminar a corrupção dos governos, destituir líderes déspotas e intimidar qualquer figura pública que apoie ou incentive a remoção de direitos básicos dos indivíduos (direito de ir e vir, direito de trabalhar…). 

“Considere como a história poderia ter mudado se tivéssemos sido capazes de “derrubar” Lenin, Stalin, Hitler, Mussolini, Tojo, Kim Il Sung, Ho Chi Minh, Aiatolá Khomeini, Saddam Hussein, Moammar Khadafi e vários outros, juntamente com todas as suas substituições, se necessário, tudo por uns míseros milhões de dólares, em vez dos bilhões de dólares e milhões de vidas que as guerras subsequentes custaram.”

Bell chega a especular que, no longo prazo, estados nacionais poderiam se inviabilizar, criando a estrutura básica para minarquias, cidades privadas e cidades-estado.

Como isso funcionaria?

Como descrito por Bell, qualquer pessoa poderia colocar uma quantia pela cabeça de algum tirano que retirasse liberdades individuais ou que violasse direitos básicos. Este prêmio, por sua vez, seria direcionado para a pessoa que “previsse” corretamente a data da morte de quem tivesse a cabeça a prêmio, que provavelmente seria o próprio assassino.

Por conta das limitações da sua época, Bell imaginou que estes mercados poderiam funcionar através de alguma instituição centralizada em algum paraíso regulatório. Inclusive ele chegou a elaborar uma argumentação jurídica de como isso poderia ser implementado sob a jurisdição dos Estados Unidos, apontado que o único responsável pelo “ocorrido” seja o assassino, e não o mercado nem as pessoas que colocaram a cabeça de alguém a prêmio.

Acontece que hoje não seria sequer necessário haver uma instituição centralizada cuidando desta operação, uma vez que uma aplicação descentralizada aliada a um oráculo (ex: Augur, Chainlink) poderia facilmente resolver este problema sem nenhum ponto de falha tão latente quanto uma empresa por trás.

Diversos mercados de apostas descentralizadas já existem hoje, como o Augur, desenvolvido na rede Ethereum. Como qualquer pessoa pode sugerir qualquer aposta para o mercado, em 2018, surgiu uma aposta sobre a morte do então presidente Trump.

Ao prever corretamente a morte de alguém, o indivíduo receberia então em criptomoeda de maneira anônima, impedindo que o assassino fosse identificado. Essa anonimidade traria uma série de problemas para pessoas públicas, uma vez que qualquer um à sua volta (família, amigos, guarda-costas, funcionários…) seriam assassinos em potencial, especialmente se o prêmio pela cabeça dessa pessoa for suficientemente grande.

-Até tu Brutus, meu filho?

-Assim morrem os tiranos!

Teria dito Marco Brutus durante o assassinato de Júlio César.

Anonimato na internet

O sucesso de um mercado como este traria problemas não somente para tiranos e déspotas, especialmente em tempos em que qualquer um se ofende com qualquer coisa. A conclusão lógica deste fenômeno seriam pessoas voltando a serem anônimas, especialmente na internet.

Ser um governante ou mesmo candidato a algum governo deixaria de ser algo tão atraente quanto é nos dias de hoje, uma vez que isso o transformaria em um alvo gigante com um alto prêmio em sua cabeça.

Que político ou governo teria a coragem de proibir o Bitcoin, as criptomoedas ou a internet livre neste cenário?

“Na pizzaria Village, enquanto eles estavam sentados para comer um pepperoni, Dorothy perguntou a Jim: ‘Então, em que outras invenções você está trabalhando? Jim respondeu: 

‘Tenho uma nova ideia, mas é realmente evolutiva. Literalmente REVOLUCIONÁRIO.’ “Certo, Jim, qual governo você está planejando derrubar?”, ela perguntou, brincando.

‘Todos eles’, respondeu Jim.”

Jim Bell foi preso nos Estados Unidos sob alegação de fraude fiscal e assédio. Após ser libertado no início dos anos 2000, Bell afirmou que havia uma enorme rede de corrupção no governo federal americano responsável pela sua prisão.

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