Os NFTs -Tokens Não Fungíveis- cresceram significativamente em popularidade em 2021, se tornado a palavra do ano no dicionário Collins. Todo esse “hype” foi responsável por exponenciar o preço de alguns cripto-ativos, bem como de impulsionar alguns colecionáveis digitais para verdadeiras fortunas.
NFTs não são escassos
Há muita dificuldade até mesmo da mídia especializada em definir do que se tratam esses tokens, que muitas vezes são exageradamente definidos como “itens virtuais exclusivos e escassos”.
Mas a realidade é que, do ponto de vista macro, NFTs não são escassos. Afirmar isso é o mesmo que dizer que pinturas em quadros são escassos. Realmente, as obras de Leonardo da Vinci e de Michelangelo são inerentemente escassas, uma vez que elas possuem oferta inelástica, e não podem mais ser criadas.
No entanto, qualquer um pode rabiscar em um pedaço de papel, jogar tinta em um quadro branco e criar uma “obra de arte”, especialmente se isso se tratar de arte moderna, cuja criação não requer nenhum tipo de habilidade extraordinária ou esforço.
Grande parte das obras modernas não requerem nenhum tipo de Prova de Trabalho, e não se diferenciam de rabiscos feitos por crianças do jardim de infância.
Da mesma forma, qualquer um pode criar um NFT sem nenhum tipo de esforço. Basta dar alguns cliques, pagar as taxas de gás da Ethereum ou de alguma rede e pronto, está criado um suposto NFT escasso.
Alguns exemplos podem fugir dessa regra. Por exemplo, o NFT mais caro vendido até hoje: “Everydays: The First 5000 Days”, trata-se de uma colagem de 5 mil artes digitais criadas pelo artista Beeple, que foi comprado por um bilionário indiano por US$ 69 milhões.
A conclusão lógica desse cenário é que, com todo esse “hype” desinformado ou mal intencionado da mídia, é provável que este setor se acumule em território de bolha, sendo impulsionado por especuladores de varejo, viciados em apostas e manipulação de mercado.
Ex: crie uma coleção NFTs, compre ele de você mesmo para criar um suposto valor de mercado para a obra, gaste com marketing e tente vender os demais ativos para outras pessoas. – Ultra stonks, ganhou dinheiro com quase nenhum esforço.
Aplicações em potencial
Apesar das críticas ao setor, é importante destacar que há algumas aplicações potenciais para a tecnologia, especialmente para o mercado de jogos e de colecionáveis.
O mercado de skins e itens de jogos já movimenta bilhões anualmente, muito antes mesmo da criação do Bitcoin (BTC). Já existem mercados com certa liquidez desde Word of Warcraft (Wow) e do antigo Second Life.
Tokenizar esses ativos e permitir a troca e negociação de pessoa para pessoa certamente tende a agregar mais valor a este nicho e trazer maior liquidez para mercados secundários. Além disso, pode dar alguma garantia de que a desenvolvedora do jogo não vai simplesmente inflar a oferta dos ítens sem gerar revolta nos seus jogadores.
Contudo, será extremamente necessário que haja maneiras baratas, simples e rápidas de se tokenizar estes ativos. Caso contrário, isto pode inviabilizar a utilização dos NFTs nos jogos.
Além dessa aplicação, é possível que surjam também mercados de nichos para certos colecionáveis, semelhante aos cards de Pokémon, que são negociados no mundo todo. Contudo, é impossível saber como isto vai se desenvolver de fato.
Para muitos, pode não ser tão atraente possuir um ativo digital quanto um item físico, que pode ser tocado e sentido. Essencialmente, possuir um colecionável em NFT não se difere muito de possuir uma foto ou arquivo daquele mesmo NFT.
Além disso, não se pode deixar de ignorar a possibilidade dos NFTs serem usados para lavagem de dinheiro, assim como obras de arte (especialmente as modernas) já são. Os NFTs possuem ainda mais vantagem, uma vez que permitem a compra digital e anônima, tornando-a o ativo perfeito para este fim.
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