No início de agosto de 2024, o dólar foi cotado a R$ 5,71, marcando uma valorização anual de 18,49%, o que o elevou ao seu nível mais alto desde dezembro de 2021, segundo o Capitalist.
A trajetória de alta da moeda dos Estados Unidos coincide com preocupações sobre a saúde fiscal do Brasil.
Rumores sobre a revisão da meta fiscal para 2025 começaram a ganhar força em abril, culminando em um anúncio oficial no dia 15 daquele mês, que alterou a previsão de superávit para um déficit zero.
O congelamento de R$ 15 bilhões em gastos, anunciado em julho pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi uma tentativa de mitigar os impactos negativos, mas sua eficácia sobre o câmbio foi limitada.
No âmbito internacional, as tensões no Oriente Médio e o aumento das importações brasileiras adicionam pressão ao real. A decisão do Japão de elevar suas taxas de juros e a persistência de um ciclo de juros altos nos Estados Unidos também sinalizam que a economia brasileira poderá enfrentar um “hard landing” econômico, caso a inflação norte-americana chegue às metas projetadas, mas seja acompanhada por fatores externos adversos.
Impactos diretos na economia e na inflação
De acordo com o economista André Braz, o aumento das exportações, combinado com a importação de produtos a preços mais altos, resulta em um encarecimento dos produtos para o consumidor.
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) já apresenta sinais dessa pressão cambial, e os aumentos nos preços dos combustíveis e da energia, impulsionados pelas decisões da Petrobras, são visíveis no IPCA-15.
Em termos globais, o Brasil ocupa a quinta posição entre as moedas mais desvalorizadas de 2024, apresentando uma queda de 13,4%, superada apenas pela Nigéria, Egito, Sudão do Sul e Gana.