Com a conclusão do segundo turno das eleições municipais e o retorno do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dos Estados Unidos, o cenário econômico do Brasil se torna o foco de atenção no início da semana.
Em meados de outubro, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, destacou que a equipe econômica estava se preparando para apresentar, ao Legislativo, medidas voltadas para o ajuste fiscal após as eleições.
No entanto, para que essas propostas se tornem realidade, elas precisarão da aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem demonstrado relutância em implementar cortes que possam afetar as camadas mais vulneráveis da população.
Haddad deve se encontrar com Lula até hoje (29) em uma reunião que poderá definir os próximos passos em relação ao ajuste fiscal. Na segunda-feira, o presidente já se reuniu com Gleisi Hoffmann, líder do PT, que tem sido outra voz crítica em relação a possíveis cortes de despesas.
A pressão
Desde o início do governo, a necessidade de medidas que limitem o crescimento dos gastos públicos tem sido um tema recorrente entre analistas econômicos. Para exemplificar, Armando Castelar Pinheiro e Silvia Matos destacam que um ajuste nas contas públicas é “necessário e urgente”.
Segundo eles, desde o final de 2022, o Brasil tem enfrentado uma deterioração fiscal, com elevações constantes nos gastos e um aumento alarmante na dívida pública.
“Enquanto isso, assistimos a propostas para novos gastos, como se o problema não existisse”.
A desconfiança dos agentes de mercado em relação às contas públicas está em alta, refletida na elevação da curva de juros e na desvalorização do real, mesmo com a trajetória oposta observada nos Estados Unidos.
Além disso, os economistas notam que a piora do clima econômico internacional, em relação às eleições nos EUA e à situação econômica da China, contribui para essa incerteza, apesar do upgrade da nota de crédito soberano do Brasil pela Moody’s, que deveria ter um efeito positivo sobre os indicadores econômicos.