O novo modelo de crédito oferecido pela Caixa Econômica Federal e aprovado pelo presidente Jair Bolsonaro, chamado Real Caixa Fácil, tem “risco real” de levar à perda da casa própria.
O alerta foi dado por Sérgio Takemoto, presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), reportou a Revista Fórum.
A nova linha de empréstimo lançada por Pedro Guimarães, presidente da Caixa, é parte de uma modalidade conhecida como “home equity”, que utiliza imóveis urbanos livres de ônus como garantia para a obtenção de novos créditos em instituições bancárias.
Modelo deixa cicatrizes profundas
Essa modalidade causou problemas sérios para as famílias nos Estados Unidos (EUA), apontou o economista Sérgio Lisboa, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese):
“As operações de home equity deixaram cicatrizes profundas na sociedade americana”, disse.
O presidente da Fenae alerta que “a casa própria é o bem mais precioso de boa parte das famílias brasileiras” e o risco de perder o imóvel nessa modalidade de crédito “é real”.
Colocar a casa própria como garantia de crédito pessoal “compromete o patrimônio das famílias durante anos”, argumenta Takemoto.
“É preciso ter certeza da capacidade de pagamento”, afirma. “Em um contexto de crise econômica e desemprego, por exemplo, não existe a garantia que a renda irá se manter e, sem o pagamento, o imóvel poderá ser confiscado”.
Para realizar tal investimento, é preciso ter educação financeira e planejamento, o que ainda não é um hábito na população brasileira, como mostram informações da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Segundo os dados da associação, 62% dos brasileiros não economizou em 2019 e entrou em 2020 sem qualquer reserva financeira para algum tipo de emergência.
O novo crédito começou a valer esta semana, e Guimarães afirma que a iniciativa tem como objetivo aproximar o mercado brasieiro ao que é feito em países desenvolvidos.
Para Takemoto, submeter o imóvel “à lógica puramente especulativa dos mercados financeiros não me parece razoável e é só isso que o presidente da Caixa faz desde que chegou ao banco”, criticou.