Após o recorde de entrada de grandes marcas, o mercado começa a focar em um relacionamento mais profundo com o consumidor, com mais experiências e engajamento.
Após o boom dos NFTs em 2021, este foi o ano em que os projetos começaram a ganhar mais consistência com a entrada de grandes marcas e, principalmente, com uma pegada mais de utilidade e menos de marketing.
Apesar do número exponencial de empresas entrando na Web3, o que chama atenção mesmo é a complexidade dos projetos, que buscam atingir uma camada mais profunda no relacionamento com o consumidor por meio dos NFTs.
De acordo com Caio Barbosa, CEO da Lumx Studios, startup que desenvolve infraestrutura para facilitar a criação e escalabilidade de aplicações de NFTs, 2022 foi um ano de aprendizado para muitas marcas, e a tendência é que cada vez mais os colecionáveis digitais sejam usados para elevar o nível de engajamento entre marcas e suas comunidades. “Muitas marcas começaram a olhar para Web3 e para o uso de NFTs como uma maneira de ter uma conexão mais autêntica e profunda com suas comunidades. Nesse formato a escuta e a co-criação de produtos por parte de grandes marcas – como exemplo Nike e Starbucks – em conjunto com a base de consumidores e super fãs é possível e permite uma troca mais justa com relação a benefícios e experiências”, afirma.
Um exemplo disso é a plataforma “Starbucks Odyssey” que serve como uma extensão do sistema de recompensas da empresa. Esse é um tipo de programa de fidelidade escalável que inclui aspectos de “narrativa, participação, comunidade e diversão”, e atrela a experiência imersiva nos cafés com uma conexão com a comunidade. “A marca não quer só comunicar, ela quer impactar, trazer o consumidor para perto e escutar o que ele tem a dizer”, explica Caio.
O viés social também ganhou espaço com os NFTs. A Ambev, por exemplo, lançou colecionáveis digitais junto com sua comunidade de artistas e parceiros para colaborarem com um propósito: impulsionar o funk no Brasil por meio de tecnologia e blockchain.
A moda foi um dos segmentos que mais entrou nesse universo. Nike, Dolce & Gabbana, Tiffany & Co, Gucci e Adidas lideram uma lista de 13 empresas que foram pioneiras neste mercado e estão ganhando espaço no metaverso, além de incorporar benefícios no mundo real.
A Nike lançou o .SWOOSH, uma plataforma de Web3 que representa o início do movimento da empresa em direção ao mundo dos tokens não-fungíveis. A plataforma buscará “empoderar atletas e entregar o futuro do esporte criando uma nova comunidade e experiência digital inclusiva e um lar para as criações virtuais da Nike”.
“Quando a Nike se propõe a criar uma plataforma como .SWOOSH e escutar todos os apaixonados por sneakers, ela não quer só mapear cultura e descobrir novas formas de co-criação, além de tudo ela quer retribuir e ouvir quem mais coloca energia de forma orgânica e genuína para impulsionar sua cultura e seus produtos. Todos precisam ganhar com essa relação. A atenção e o tempo dessas pessoas serão retribuídas em produtos específicos, oportunidades de criar e colaborar com a marca e em alguns casos um retorno financeiro é factível como forma de compensação a quem acreditou em um determinado projeto e o apoiou desde o início ” afirma Amanda Marques, CMO na Lumx Studios.
O que esperar de 2023?
Segundo o CEO, em 2023 o mercado promete uma grande evolução. “Muitos projetos vão começar a sair do papel. Aqui na Lumx a expectativa é que, pelo menos, 50 projetos sejam viabilizados”, afirma.
“Veremos grandes cases de marcas se voltando para uma tendência chamada “token-gating”, que significa que o token é um portão um acesso à experiências, benefícios e descontos integrados, um aplicativo, um e-commerce e tudo mais”, explica.
Além dessa nova perspectiva de como os programas de fidelidade vêm utilizando NFTs para gerenciar a experiência e co-criar produtos com sua base de fãs e suas comunidades, é preciso um olhar atento sobre como essa tecnologia vai mudar a relação entre Creators e suas audiências.
“O Brasil é o país em que influenciadores e creators mais motivam decisões de compra. Imagina que essa relação poderá ser potencializada se esses criadores de conteúdo conseguissem mapear interesses e proporcionar experiências para a sua audiência de forma ainda mais profunda, usando tecnologia e NFTs” afirma Amanda Marques.
“Creators são marcas e precisam, assim como negócios, ter um olhar atento sobre a forma de retribuição e reciprocidade que têm com seus espectadores. O uso de Tokens e Colecionáveis Digitais para gerenciar, mapear essa relação e promover interações únicas para super fãs, sem dúvida vai mudar o caminho das relações entre criadores e suas comunidades. Fãs deixam de ter um papel passivo na construção e fortalecimento da figura de um talento e passam a ser retribuídos pelo tempo e atenção dedicados a impulsionar a figura de talentos, celebridades e creators”, explica Amanda.
Pontos altos para o ano de 2023
- Marcas pensando no longo prazo e na gestão de suas comunidades com mais profundidade e com nível de reciprocidade maior
- Creators interagindo com sua audiência por meio de tokens e retribuindo sua base de super fãs com mais acesso e co-criação de produtos
- Programas de membership utilizando NFTs para mapear interesses e retribuir de forma mais justa seus consumidores
- NFTs sendo utilizados como meio e não como fim
- Artistas de todos os setores gerenciando suas próprias comunidades e financiando projetos com apoio e colaboração das suas audiências. Artistas devolvendo incentivo financeiro para a base de apoiadores.