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O que é um DAO (Organização Autônoma Descentralizada)? 

O termo DAO é a sigla em inglês para o termo Organização Autônoma Descentralizada. O conceito surgiu através das redes blockchain, e significa uma instituição de pessoas ou empresas que se organizam por meio de uma rede descentralizada.

Mas afinal, como isto é possível?

O Bitcoin é descrito como a primeira rede blockchain DAO, visto que o protocolo opera de forma descentralizada. As regras pré-definidas e incentivos do projeto guiam os atores do ecossistema, como desenvolvedores, mineradores, rodadores de full nodes, investidores e empresas.

No entanto, a rede não apresenta regras claras sobre como ocorre o gerenciamento do ecossistema ou mesmo como o protocolo pode ser modificado ao longo do tempo. Por exemplo, quem define quais mudanças serão adicionadas à blockchain? Mineradores, rodades de nós, investidores ou programadores?

Esta questão foi motivo para muitas discussões ao longo dos anos e provocou alguns forks na rede, com o mais conhecido sendo o Bitcoin Cash (BCH), que aumentou o bloco da criptomoeda em 2017.

O conceito de DAO se estabeleceu dentro da rede Ethereum nos últimos anos. Através de contratos inteligentes e aplicações descentralizadas, os participantes de um DAO podem se organizar em torno de projetos e objetivos em comum.

Como funciona um DAO?

Os DAOs são atualmente executados em redes blockchain focadas em contratos inteligentes, como Ethereum (ETH), Cardano (ADA) e Solana (SOL). Um conceito muito importante nos DAOs modernos são os tokens de governança.

Os tokens de governança são emitidos pelos DAOs e adquiridos pelos investidores interessados. Quanto mais tokens um determinado investidor possui, maiores são os direitos de voto sobre o projeto.

Este recurso alinha os incentivos dos DAOs, visto que alguém com mais tokens possui mais ‘pele em risco’, e certamente tenderá a ter uma posição mais honesta e responsável em relação ao projeto.

As mudanças e alterações nas DAOs ocorrem normalmente por meio de votações, onde cada token representa um voto.

Para que serve um DAO?

Um DAO pode assumir inúmeras formas e casos de uso. Entre eles está o gerenciamento de Aplicações Descentralizadas, gerenciamento de fundos de investimento descentralizados, gerenciamento de stablecoins e criptoativos, e vários outros.

Vamos a alguns exemplos dos principais DAOs e tokens de governança do mercado.

The DAO (DAO)

O The DAO foi o projeto responsável por popularizar o termo. Criado em 2016 dentro da rede Ethereum, o The DAO era um fundo de investimento em projetos cripto que era gerenciado de maneira descentralizada.

Dessa forma, os recursos dos investidores poderiam ser alocados em projetos selecionados sem a necessidade de uma empresa de gerenciamento, o que tende a reduzir custos. O projeto rapidamente se tornou uma das maiores campanhas de crowdfunding da história.

No entanto, em junho de 2016, apenas dois meses após o lançamento do projeto, uma vulnerabilidade no smart contract foi explorada por um hacker, e um terço dos ativos do DAO foram roubados.

Este incidente fez com que a rede Ethereum fosse retrocedida para que os fundos fossem recuperados. Isto causou revolta por parte da comunidade, especialmente por aqueles que foram prejudicados com a reversão da blockchain, e foi criado um fork a partir daí, o Ethereum Classic.

Leia mais: Hashrate do Ethereum Classic atinge máxima histórica

ConstitutionDAO (PEOPLE)

O ConstitutionDAO foi criado em 2021 com o objetivo de arrecadar fundos para comprar uma cópia original da constituição dos Estados Unidos. O DAO arrecadou US$ 47 milhões, mas perdeu o leilão para um lance da Sotheby’s.

O valor foi devolvido aos investidores, menos as taxas de transação do Ethereum. Muitos investidores perderam dezenas de dólares no processo, visto que as taxas da rede estavam muito altas na época devido ao congestionamento da blockchain.

Maker DAO (MKR)

O Maker DAO é uma aplicação descentralizada que gerencia a emissão da stablecoin DAI. O DAI é uma stablecoin sintética e algorítmica. Isso significa que ela rastreia o preço do dólar americano, mas é lastreada em outros ativos, como ETH.

Diferente do projeto Terra (LUNA), que colapsou em 2022, o Maker DÃO está funcionando perfeitamente desde 2017, tendo regras mais estáveis e sólidas. O DAI é atualmente o 19° token, com uma capitalização superior a US$ 26 bilhões.

O canal Cripto Rodrigo explica como você pode fazer parte de um lançamento dentro do Maker DAO:

Problemas dos DAOs

Os DAOs possuem uma série de aplicações que podem ser úteis no mundo real. No entanto, estas redes não estão isentas de problemas, como exemplifica a história do The DAO.

Os contatos inteligentes e as próprias blockchain ainda são invenções muito recentes, e estão sujeitas a problemas, hacks e instabilidades. Por isso, pode não ser prudente se expor excessivamente ao setor ou a projetos específicos.

Outro ponto de destaque é o valor dos tokens de governança em si, que em muitos casos, não geram retornos reais para o usuário, sendo o preço baseado em pura especulação. Isto foi destacado por Vitalik Buterin, criador do Ethereum:

“A noção de ‘direitos de governança’ como uma narrativa de por que um token deve ser valioso é patológica”, escreveu Buterin no Twitter.

“Você está literalmente dizendo: ‘Estou comprando $ X porque mais tarde alguém pode comprar de mim e de um monte de outras pessoas para distorcer o protocolo de acordo com seus interesses especiais.’”

Além disso, muitos DAOs ainda dependem de centralização, o que é algo contraditório com o próprio conceito. Um grande exemplo disso é o próprio Constitutional DAO, que depende de uma instituição para mediar os lances no leilão. Em essência, o DAO opera mais como uma empresa que utiliza a tecnologia blockchain para arrecadar fundos, do que um projeto verdadeiramente descentralizado.

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