O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, confirmou nesta última semana, durante uma palestra, que em 2022 será lançada a primeira versão do Real Digital, a moeda digital do Brasil.
Campos Neto afirmou que esta primeira versão será uma prova de conceito para o BC avaliar diversos aspectos referentes ao modelo de CBDC proposto pela instituição. Além disso, o objetivo do BC é testar diferentes plataformas para o CBDC. Inclusive, os testes devem ser feitos com o uso de blockchain.
No entanto, de acordo com presidente do BC, uma versão definitiva do Real Digital deve ser lançada para os brasileiros apenas em 2024. Ou seja, quando o PIX e o Open Banking estiverem mais maduros para suportar o sistema do CBDC nacional.
Campos Neto ainda voltou a afirmar que o BC estuda formas de regulamentação para as criptomoedas. Entretanto, o foco será como investimento e não como moeda.
“Já começa a afetar até as contas nacionais, o que significa que virou um instrumento relevante de investimento e está afetando o balanço de pagamentos do Brasil já que os numeros da importação de criptoativos estão inseridos na balança comercial”, afirmou ele.
Real Digital do Brasil
A proposta para o Real Digital difere da maioria dos CBDCs que vem sendo anunciados pelo mundo. Portando, enquanto boa parte das nações procura desenvolver uma moeda digital para o varejo (pagamentos e transferências entre pessoas e instituições) o Banco Central busca que o Real Digital funcione como aplicações financeiras orientadas pelo dinheiro programável. Ou seja, contratos inteligentes, finanças descentralizadas, Dapps, entre outros.
A informação foi revelada em julho por Fábio Araujo, coordenador do projeto do Real Digital dentro do BC. Inclusive, ele afirmou que o CBDC nacional não tem como foco a inclusão financeira. Isso porque isso já é dado por outras ferramentas digitais como as desenvolvidas pelas fintechs, bancos digitais e mesmo pelo Pix.
Contudo, um dos grandes objetivos do Real Digital é justamente permitir a construção ou interligação do sistema financeiro nacional com as finanças descentralizadas (DeFi), bem como com os contratos inteligentes (smart contracts). Estes são, na sua opinião, as grandes contribuições do ecossistema do Bitcoin (BTC) e das criptomoedas.
“Nós vemos este mercado de Defi que está surgindo e que trás uma nova maneira de apresentar serviços financeiros que pode ser muito mais adequado para a população.”
“Você têm uma facilidade de manipulação de contratos nesse ambiente que você não tem no ambiente bancário tradicional”, disse.
Araujo ainda revelou que o BC busca implantar as inovações dos criptoativos dentro do Banco Central. Assim, impulsionar novos casos de uso para melhorar os serviços financeiros prestados para a população.
“Estes pontos fundamentais do ambiente cripto nós pretendemos trazer para dentro do nosso perímetro regulatório para fazer uma coisa massificada para dar acesso a mais pessoas. Nós pretendemos fazer uma coisa mais padronizada para que as pessoas possam fazer uso no dia a dia. O que a gente quer trazer é as tecnologias dos smart contractas e do Defi para dentro para que a gente possa atingir o público mais amplo”, disse na época.
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