Projeto brasileiro que utiliza blockchain no rastreio de atum recebe prêmio internacional de sustentabilidade

Tecnologia Blockchain

OpenTuna é pioneira no Brasil na utilização da tecnologia blockchain para rastreio da cadeia de pesca de atum. Projeto recebeu prêmio internacional Tuna Awards.

A iniciativa brasileira OpenTuna, pioneira no Brasil em utilização de tecnologia blockchain para rastreio de cadeias de pesca do atum, foi a vencedora do Tuna Awards 2021 na categoria Sustentabilidade, premiação concedida pela Anfaco-Cecopesca em parceria com o Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentação da Espanha. O prêmio reconhece iniciativas que contribuem com a inovação na indústria do atum mundial. A cerimônia de entrega foi realizada nesta segunda-feira (13/9), na cidade espanhola de Vigo, durante a 10ª Conferência Mundial do Atum.

A OpenTuna, da qual faz parte a Tuna Intelligence – braço da plataforma brasileira Stonoex no setor de pescado, tem o objetivo de promover a sustentabilidade da pescaria de atuns por meio da modernização da coleta de informações, transparência e adoção de medidas para melhorar as práticas a bordo, utilizando para isto, a tecnologia blockchain. Visando assim a redução das capturas incidentais, a rastreabilidade e a valorização dos diferenciais de sustentabilidade no mercado do pescado. Foi impulsionada pela Aliança do Atlântico para o Atum Sustentável (AAAS) e conta com a parceria da Oceana, Global Fishing Watch, Projeto Albatroz, Fundação Pró-Tamar, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e Paiche.

“Com o OpenTuna, mostramos o nosso compromisso com a transparência e a legalidade de nossas operações. Além disso, esse inovador projeto, que reúne empresas e organizações ambientalistas em torno de um objetivo comum, tem o potencial de desencadear mudanças profundas na pesca em nosso país. O reconhecimento desse prêmio reforça que estamos no caminho certo”, disse o empresário Rodrigo Hazin, um dos fundadores da Aliança.

Ele recebeu a premiação em nome de todos os participantes do projeto.

O grupo se uniu em 2019 para promover a sustentabilidade na pescaria de atum. O primeiro passo foi a criação de um sistema digital para coleta e sistematização dos dados de capturas de espécies e locais de pesca. Esse sistema, lançado em abril de 2021, está disponível pela internet com dados de 14 embarcações da frota de espinhel – modalidade que consiste no uso de um aparelho de pesca formado por uma linha principal, linhas secundárias e anzóis, onde são colocadas as iscas.

“O projeto Open Tuna está liderando a busca por soluções focadas na transparência e na modernização do monitoramento da pesca de atuns, buscando fortalecer a gestão e desestimular práticas de pesca ilegais. Esperamos que esse projeto inspire outros atores que atuam na pesca no Brasil”, disse o diretor científico da Oceana, Martin Dias. A Oceana e a Global Fishing Watch desenvolveram o site da iniciativa, que reúne sobre os mapas de bordo de 14 embarcações grandes exportadoras vinculadas ao projeto.

As áreas de pesca e a atuação da frota participante do OpenTuna foram voluntariamente abertas pelos empresários e disponibilizadas no mapa da Global Fishing Watch, que mostra os dados de movimento dos navios de pesca comercial de todo o mundo. A organização usa aprendizado de máquina para identificar mais de 65 mil embarcações de pesca – incluindo seu tamanho, tipo, potência do motor e esforço de pesca.

Impactos ambientais

Para avaliar o impacto dessa pesca de espinhel na captura incidental de albatrozes, petréis e tartarugas, o Projeto Albatroz, patrocinado pela Petrobras, inaugurou este ano uma base avançada em Natal (RN). “Essa nova frente de trabalho no Nordeste, desenvolvida junto com a AAAS e a Fundação Pro-Tamar, busca aprimorar o monitoramento do uso de medidas que impedem essa captura pelas embarcações, contribuindo para o desenvolvimento de melhores estratégias de conservação da fauna marinha”, destacou Tatiana Neves, coordenadora geral do Projeto Albatroz.

Com isso, a iniciativa pretende caracterizar a pesca de atuns na região e a distribuição de aves e tartarugas marinhas, e desenvolver ferramentas de verificação remota, como o monitoramento por câmeras e por satélite, da utilização de medidas para evitar a captura desses animais causadas pela interação com a pesca de atum do Nordeste do Brasil. A tripulação das embarcações também será capacitada para fazer o manejo correto das aves e tartarugas a bordo, aumentando a taxa de sobrevivência das espécies capturadas e diminuindo o impacto da pesca sobre a fauna marinha.

Pescaria do atum

De grande valor no mercado internacional, a pescaria do atum movimenta US$ 4 bilhões por ano, só no Atlântico Sul; gerando, somente no Brasil, aproximadamente seis mil empregos diretos e indiretos. O ordenamento pesqueiro em todo o Oceano Atlântico, incluindo o Mar Mediterrâneo, é realizado pela Comissão Internacional para a Conservação do Atum do Atlântico (ICCAT), que deve receber anualmente, dos países que realizam a pesca do atum na região, dados como o quanto foi capturado por suas frotas e a distribuição de tamanho dos peixes capturados.

Uma das principais fontes desses dados são os formulários de mapas de bordo, obrigatórios para toda a frota atuneira. No Brasil, esses documentos ainda vêm sendo preenchidos em sua maioria em formulários de papel, o que dificulta a sua compilação e o envio para a Comissão. Com o OpenTuna, um novo modelo baseado em mapas de bordo eletrônico tem o potencial de facilitar o envio de relatórios para a ICCAT, sendo possível relatar em tempo real o esforço de pesca e as informações de captura.

No site do OpenTuna, as informações dos mapas de bordo podem ser acessadas por filtro de busca, como capturas por municípios, espécies e períodos temporais. O site também reúne informações sobre bycatch, que é a fauna acompanhante. São as capturas de espécies não consideradas alvos de pesca, mas que devem ser igualmente registradas nos mapas de bordo das pescarias.

A iniciativa também planeja o desenvolvimento de novas configurações de negócios com estratégias inovadoras de comercialização e distribuição de pescado, o que inclui a rastreabilidade dos produtos ao longo de toda a cadeia e a consolidação de uma imagem pública para a iniciativa, que assume compromissos de sustentabilidade com o consumidor e dialoga com ele, criando uma demanda estável para produtos com essas características.

Sobre o prêmio

Esta é a primeira edição do Tuna Awards, que será concedido a cada dois anos. O prêmio está divido em duas categorias: Sustentabilidade e Transição 4.0. A primeira reconhece projetos de desenvolvimento sustentável que promovam a sustentabilidade ambiental. Já a segunda está direcionada para empresas com projetos na área de digitalização e tecnologias 4.0.

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