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Tether (USDT) – O que é e como funciona? Vale a pena?

O Dólar Tether (USDT) é uma stablecoin (moeda estável), criada e desenvolvida pela Tether Limited, que é de propriedade da Ifinex, empresa que também é controladora da corretora de criptomoedas Bitfinex.

Uma stablecoin é um criptoativo emitido em uma rede blockchain que rastreia o preço de um determinado ativo, normalmente moedas fiduciárias, como o dólar americano ou o euro.

Com uma capitalização de mercado superior a US$ 67 bilhões, o USDT é a maior stablecoin do mundo, sendo o terceiro maior criptoativo por capitalização. 

Tendo sido pioneira no mercado de stablecoins, o USDT ganhou grande importância não somente para o mercado de criptoativos, mas também para o setor tradicional.

Atualmente, as stablecoins estão sendo sendo consideradas e analisadas por grandes bancos, instituições financeiras e até mesmo governos.

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História da Tether

O programador JR Willett foi o responsável por escrever um white paper que descrevia como o protocolo do Bitcoin poderia ser utilizado para emitir ativos através de redes de segunda camada.

Willet fundou então a Mastercoin Foundation, que posteriormente foi renomeada para Omni Foundation. Os estudos e tecnologias desenvolvidas pela instituição se tornaram a base para a Tether Limited e sua stablecoin.

A Tether (USDT), que originalmente se chamava RealCoin, só se tornou uma realidade em 2014. Os primeiros tokens USDT foram emitidos na Omni Layer Protocol, que funciona sobre o protocolo do Bitcoin.

Com o passar do tempo e com o crescimento de várias outras redes blockchain, a Tether Limited passou a emitir tokens em múltiplas plataformas. Segundo o Wikipedia, a Tether emitiu tokens em 10 redes blockchain ao longo de 2022.

O USDT se tornou um dos tokens mais importantes do mundo, contando uma alta liquidez, visto que possui um alto volume de negociação, superando o próprio Bitcoin. Além disso, o USDT pode ser encontrado na maioria das exchanges de criptoativos.

Atualmente o Ethereum (ETH) é a rede com a maior quantidade de tokens USDT. O Ethereum se destacou nos últimos anos como a principal rede para a tokenização de ativos. A blockchain experienciou um aumento expressivo na emissão de ativos após a criação do padrão de tokens ERC-20.

Como funciona o USDT?

O Tether (USDT) é um criptoativo tokenizado. Isso significa que há ativos no mundo real que respaldam o valor de cada token emitido pela e empresa responsável pela stablecoin.

É importante destacar que este modelo de negócios é centralizado, visto que depende diretamente de uma empresa. Devido a centralização, o USDT está sujeito a problemas e fraudes como qualquer outro banco e instituição financeira está.

Ao contrário do que muitos podem imaginar, o USDT não é lastreado diretamente em dólares americanos, mas em uma cesta diversificada de ativos. Entre os ativos custodiados pela Tether Limited estão títulos públicos, privados e até mesmo criptoativos, como o Bitcoin.

Desde que o valor desses ativos se iguale ou supere ao dos tokens emitidos, o valor do USDT está assegurado.

O modelo de negócios da Tether é baseado no rendimento desta cesta de ativos. No entanto, é importante destacar que a companhia não é totalmente transparente sobre estes ativos, algo que já causou preocupação no mercado.

Com os ativos sob custódia, a Tether utiliza diferentes redes blockchain, como o Ethereum e Solana para emitir os seus tokens.

Emitir tokens nestas redes blockchain é uma atividade relativamente simples, que pode ser feita até mesmo sem conhecimento específico sobre programação.

USDT como investimento

Investir no Tether (USDT) é certamente uma forma eficiente de se expor ao dólar americano. Por ser a principal moeda do mundo atualmente, o dólar é procurado por bilhões de investidores e milhões de empresas ao redor do mundo.

As stablecoins de maneira geral estão sendo cada vez mais utilizadas em países que possuem alta inflação, como Argentina e Venezuela. 

A província de Mendoza, na Argentina, chegou inclusive a aceitar o pagamento de impostos em stablecoins, em um esforço para avançar em direção à “modernização e inovação”, segundo o site do governo.  

Isso ocorre pois o dólar é uma alternativa boa para preservar valor em comparação com as moedas fiduciárias. Além disso, a moeda americana não conta com a alta volatilidade do bitcoin e de outros criptoativos.

Leia mais: Inflação na Argentina dispara para 80% – Bitcoin e stablecoins ganham destaque

Devido a sua alta liquidez, o USDT também é uma alternativa atraente como uma reserva de valor global, visto que o token é negociado em todo o mundo, em praticamente todas as corretoras de criptomoedas.

O USDT, por ser executado em uma rede blockchain, fornece alguns atributos que não são encontrados no dólar bancário convencional, como maior privacidade.

Com o token, é possível se expor ao dólar americano de forma simples e até de maneira anônima, caso seja necessário.

Problemas e riscos

Um dos problemas do USDT é a sua indexação com o próprio dólar americano. Apesar de ser a moeda mais estabelecida do mundo, a moeda dos Estados Unidos vem passando crescente inflação nos últimos anos.

Estar exposto ao USDT é estar exposto à inflação dos Estados Unidos, sem a possibilidade de ganhar rendimentos bancários. Por conta deste fator, muitos investidores optam por ter exposição ao BTC, que é um criptoativo escasso, cuja oferta é limitada a 21 milhões de unidades.

A grande impressão de dinheiro dos últimos anos foi o responsável por levar muitos investidores a ganhar exposição à criptomoeda primária, como foi o caso da MicroStrategy, maior detentora corporativa do Bitcoin, e da Tesla, a maior montadora de carros elétricos do mundo.

Confira esta fala de Michael Saylor, CEO da MicroStrategy, sobre a sua escolha do Bitcoin para o caixa da sua empresa:

“Bem, em primeiro lugar, temos uma empresa de software gerando caixa, mas se simplesmente colocássemos o dinheiro em moeda fiduciária e ele desvalorizasse 15% ao ano, estaríamos perdendo no balanço patrimonial tanto quanto geramos a partir do P&L (Profit & Loss statement, ou Demonstrativo de Lucros e Perdas).

Então isso não fazia sentido. Por outro lado, as preocupações tradicionais com o Bitcoin eram que ele poderia ser hackeado, poderia ser copiado, poderia ser banido e, após uma década, não havia sido hackeado, ninguém conseguia copiá-lo, e [ele] não vai ser banido. Portanto, embora as pessoas considerem isso volátil, talvez seja volátil na primeira década; na próxima década, não parece que será tão volátil.

Na verdade, parece que está emergindo como o principal ativo de reserva do tesouro para as pessoas que buscam uma forma de evitar a grande inflação monetária.”

Mas para investidores que estão expostos a moedas que passam por hiperinflação, o dólar americano pode ser uma opção atraente e viável.

Outro ponto de destaque é que a Tether Limited não é transparente sobre o lastro do USDT. Para comprovar suas reservas, a companhia já realizou auditorias com empresas terceirizadas, o que tranquilizou o mercado.

No entanto, a Tether já chegou a receber uma multa de US$ 41 milhões da CFTC por não manter totalmente o lastro do USDT durante alguns momentos: 

“A empresa manteve apenas reservas fiduciárias suficientes em suas contas para garantir os tokens em circulação por apenas 27,6% dos dias em um período de 26 meses de 2016 a 2018 […]”.

Leve estes fatores em consideração antes de investir no Tether (USDT), a maior stablecoin do mundo.

Tether em 2023

As preocupações em torno dos ativos da Tether parecem ter diminuído ao longo do último ano. Apesar das conversões massivas de USDT após o colapso da stablecoin Terra (LUNA) em 2022, a companhia conseguiu honrar com os saques e afirmou que o USDT é garantido de 1 para 1 com o dólar americano.

Com a inflação ainda em alta nos Estados Unidos, o USDT estará sujeito à desvalorização do dólar americano. O Banco Central dos Estados Unidos, o Federal Reserve, vem aumentando consistentemente os juros como forma para conter a inflação.

Este movimento tende a provocar quedas em ativos baseados em renda variável, como ações e criptoativos. Por conta disso, buscar liquidez em ativos como o dólar em momentos de incerteza é uma estratégia menos arriscada.

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