Um plano de recuperação da exchange Mt Gox, que sofreu um hack de 850 mil Bitcoins em 2014, foi apresentado na terça-feira (24), com o objetivo de pagar os clientes da empresa.
O projeto, apresentado pelo advogado Nobuaki Kobayashi, administrador judicial da empresa, marca um passo importante na conclusão do caso, e deverá ser arquivado e aprovado pelo Tribunal Distrital de Tóquio, segundo publicação do Coindesk.
Kobayashi afirma que os credores que fizeram os pedidos de moedas fiduciárias como dólar e iene ou de criptomoedas, serão pagos.
Como vai funcionar
De acordo com o plano, credores que reivindicaram moedas fiduciárias terão prioridade no pagamento. O objetivo é “garantir os interesses de tais reivindicações de moeda fiduciária”. Nesse caso, os clientes receberão os pagamentos por meio de transferências bancárias.
Clientes que tinham Bitcoin (BTC) e Bitcoin Cash (BCH) na empresa, receberão os ativos em sua forma original em endereços de carteiras designadas das exchanges e das empresas que estão custodiando essas carteiras.
“Todos os outros ativos, como criptomoedas, exceto BTC e BCH, serão liquidados em dinheiro na medida do possível”, diz o documento.
Moedas estrangeiras serão convertidas em iene atendendo “à taxa de conversão no dia anterior à data da ordem de início dos procedimentos de recuperação” da empresa.
Além disso, a distribuição dos créditos em moedas, será “calculada com base na soma total de todas as reivindicações em moeda fiduciária, incluindo os montantes de reivindicações em ienes e montantes em moeda estrangeira”.
Pagamento em dinheiro
O documento cita ainda que pretende permitir que os credores de BTC/BCH solicitem pagamentos em dinheiro, se preferirem, mas não está definido.
Sendo assim, é preciso que seja garantida uma quantidade suficiente de dinheiro como fonte de distribuição para reivindicações em moeda fiduciária e reivindicações em BTC/BCH para as quais o pagamento em dinheiro é solicitado.
Segundo Kobayashi, a política é “não comprar BTC ou BCH adicionais”, porque as participações existentes de BTC/BCH podem não ser suficientes como fonte para todas as reivindicações desses ativos, aponta a matéria.
De acordo com o balanço divulgado em março de 2019, o administrador estava mantendo cerca de 141.686 BTC e 142.846 BCH. Contudo, não foi divulgada a quantidade de criptomoedas, exceto BTC e BCH, que o administrador está mantendo.
Mt Gox
A Mt Gox já foi a maior exchange de criptomoedas do mundo, mas entrou em colapso no início de 2014 depois de acusações de fraude e má administração.
Com o hack, centenas de milhões de dólares em Bitcoin foram perdidos, e outros 202 mil BTCs foram mantidos sob a custódia de um agente fiduciário, mas a empresa ficou insolvente e se tornou ré de um processo de reivindicação de US$ 75 milhões da CoinLab.
Mark Karpeles, CEO da exchange, foi acusado pelos promotores de ser responsável pelo problema.
Em 2018, o Tribunal Distrital de Tóquio atendeu a petição para trocar o processo de falência pelo procedimento de recuperação da empresa, o que permite que os credores sejam reembolsados em suas holdings de criptomoeda originais, ao invés do valor fiduciário no momento em que tudo deu errado.