O relatório do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), denunciou os maiores bancos do mundo por lavagem de dinheiro.
Conforme reportou a BBC, quantias astronômicas de dinheiro sujo passam há anos pelas maiores instituições bancárias do mundo.
Enquanto políticos e autoridades apontam para o Bitcoin (BTC) e outras criptomoedas, como ferramentas para lavagem de dinheiro, os maiores escândalos mostram que são bancos tradicionais os maiores envolvidos na prática.
A investigação do ICIJ é baseada em milhares de relatórios de atividades suspeitas realizados à Polícia Financeira do Tesouro dos Estados Unidos, FinCen, por bancos em todo o mundo.
Foram 108 veículos internacionais de comunicação que apontaram as denúncias. Segundo o relatório, “os documentos, compilados por bancos, eram compartilhados com o governo, mas eram mantidos fora da vista do público”.
O relatório expõe o enorme abismo das garantias bancárias e a facilidade com que os criminosos as exploram, e refere-se a US$ 2 trilhões em transações que circularam entre 1999 e 2017.
Cinco grandes bancos são acusados de ter continuado a transitar fundos de suspeitos de crimes, mesmo depois de serem processados ou condenados por má conduta financeira.
Os bancos são: JPMorgan Chase, HSBC, Standar Chartered, Deutsche Bank e Bank os New York Mellon.
O maior banco americano, JPMorgan, permitiu que uma empresa movimentasse mais de US$1 bilhão por meio de uma conta em Londres sem saber quem era o proprietário.
O banco descobriu que a empresa poderia pertencer a um mafioso da lista dos 10 mais procurados do FBI. O JPMorgan pagou US$88,3 milhões em 2011 para resolver as denúncias das autoridades reguladoras de que havia violado as sanções econômicas.
O HSBC permitiu que fraudadores movimentassem milhões de dólares em dinheiro roubado em todo o mundo, mesmo depois de saber que o esquema era uma farsa.
Há provas de que o banco central dos Emirados Árabes Unidos não agiu após os alertas sobre uma empresa local que estava ajudando o Irã a fugir das sanções.
A construtora brasileira Odebrecht, envolvida em diversos casos de suborno e corrupção com governos nos últimos anos, teria realizado cerca de 417 transações suspeitas, por meio de 20 bancos diferentes, entre 2010 e 2016, totalizando cerca de US$667 milhões.
O FinCen afirma que o vazamento pode impactar a segurança nacional dos Estados Unidos, comprometer as investigações e ameaçar a segurança das instituições e indivíduos que fazem os relatórios.
Contudo, os mais de 2.100 relatórios vazados recentemente não cobrem 0,1% das atividades suspeitas que o FinCen recebeu entre 2011 e 2017.
No total, haveria cerca de 12 milhões de relatórios envolvendo lavagem de dinheiro, que permanecem escondidos do público, segundo o Criptonoticias.
A comunidade de criptomoedas reagiu à ironia da situação, a maioria dos bancos acusados combatem a criptomoeda associando principalmente com transações ilegais.
A empresa de análise on-line Chainalysis afirma que cerca de US$11 bilhões em transações com criptomoedas foram associadas a atividades criminosas em 2019, representando apenas 1,1% da atividade total.
As exchanges de criptomoedas fazem as notificações sobre quaisquer transações suspeitas e realizam procedimentos de KYC e PLD.
Para o Banco Central, uso do Bitcoin como pagamento é ‘irrelevante’
Conforme noticiado aqui no Criptonizando, recentemente, o Banco Central do Brasil (BC) declarou que o uso de BTC como forma de pagamento é irrelevante. Segundo o BC o uso de criptomoedas para pagamento é “inexpressivo” e não concorre com serviços financeiros.
“No tocante ao mercado de pagamentos, algumas empresas divulgam ao público que aceitam pagamento em criptoativos, mas não temos informações sobre o volume de transações sendo realizadas com esse tipo de ativos, mas acreditamos ser inexpressivo, até mesmo pela volatilidade de seus preços”, declarou o BC.