Com o agravamento do cenário econômico nos últimos 45 dias, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve intensificar o aumento da taxa Selic em sua reunião marcada para esta quarta-feira (6).
A expectativa do mercado é que a taxa básica suba em 0,5 ponto percentual, atingindo 11,25% ao ano, como medida para conter as pressões inflacionárias.
Segundo economistas, o Banco Central precisa de um ajuste mais forte para trazer a inflação de volta à meta. Entre os fatores que motivam essa decisão estão o risco fiscal e a desvalorização do real, com o dólar tendo alcançado R$ 5,87 na última semana.
O cenário complexo no Brasil também é influenciado pelas incertezas globais, como a proximidade das eleições nos Estados Unidos, onde a possível vitória de Donald Trump poderia impulsionar o dólar e afetar os mercados do Sul Global.
Em setembro, o Copom baseou suas projeções em um dólar a R$ 5,60. Com a alta atual da moeda dos EUA, o impacto nas expectativas de inflação é direto, com o mercado estimando um IPCA de 4,55% até o fim do ano, acima do limite da meta de 3% ±1,5 ponto percentual.
Brasil não precisa de promessas vazias
Claudio Ferraz, economista do BTG Pactual, destacou a necessidade de um controle fiscal efetivo. Segundo ele, apenas anúncios do governo sobre possíveis cortes não são suficientes para tranquilizar o mercado; é essencial que medidas concretas sejam implementadas para reduzir a incerteza econômica e conter o aumento da dívida pública.
Mercado de trabalho aquecido é um problema
Outro ponto de preocupação está no mercado de trabalho aquecido, que, apesar de reduzir o desemprego, eleva os custos com salários, pressionando ainda mais a inflação.
Dados do IBGE apontam para uma taxa de desemprego de 6,4% no terceiro trimestre, impulsionada pelo crescimento do consumo.
Rafael Cardoso, do banco Daycoval, afirma que esse cenário de emprego aquecido contribui para um ciclo de aumentos de preços, exigindo um ajuste cauteloso na política de juros.
Com todas essas variáveis em jogo, o consenso entre os analistas é que o Copom adote uma postura mais agressiva no aumento dos juros, com 0,5 ponto percentual sendo visto como a decisão mais prudente.