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Antenas e satélites ilegais, como os cubanos utilizam o Bitcoin na ditadura?

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Com os recentes desenvolvimentos dos protestos em Cuba, a ditadura do país optou por simplesmente restringir o acesso à internet à ilha. Contudo, à rede mundial de computadores, bem como o Bitcoin e outras redes descentralizadas de comunicação conseguem ainda resistir.

Mas afinal, como os cubanos conseguem utilizar a internet e o Bitcoin mesmo com as restrições do governo?

Os governos e estados se mostraram altamente eficientes em controlar ou destruir organizações centralizadas, como bem destaca o criador do Bitcoin, Satoshi Nakamoto.

“Os governos são bons em cortar a cabeça de redes controladas centralmente como o Napster, mas as redes P2P puras como Gnutella e Tor parecem estar se segurando.”

Os protocolos de comunicação são construídos de modo que sua infraestrutura tangível, como satélites, cabeamento, antenas, roteadores, repetidores e servidores se desenvolvam com o crescimento da tecnologia e robustez da rede.

Contudo, além do desenvolvimento tecnológico físico e digital, com a criação de protocolos anônimos e com outras finalidades, a infraestrutura da rede mundial de computadores é protegida e mantida pelos incentivos de mercado.

Mas como é possível estes incentivos funcionarem em meio a uma ditadura abertamente socialista? A resposta para isso está no mercado negro.

Apesar do termo possuir possivelmente conotação negativa para o brasileiro médio, este mercado jamais pode ser desconsiderado devido ao seu grande tamanho e influência, especialmente quando se trata de um país que abertamente restringe o comércio.

Antena ou prancha de surf?

Em 2013, o americano Alan Gross foi preso em um grande esquema que levava aos habitantes da ilha equipamentos eletrônicos, como celulares, laptops e, claro, antenas para acesso de internet via satélite disfarçadas de pranchas de surf.

Os valores dos equipamentos variavam entre 3 e 4 mil dólares, e normalmente eram pagos por familiares residentes nos Estados Unidos ou pelos próprios habitantes das ilha, que possuem acesso ao mercado negro de dólares.

O esquema pode ter durado anos, e não se sabe ao certo quantos equipamentos foram levados à ilha até que Alan fosse preso. Além disso, muitos outros esquemas semelhantes já foram pegos.

Rede Streetnet

Desde 2001, os cubanos aficionados por tecnologia têm trabalhado no desenvolvimento da Streetnet, uma espécie de intranet para a comunicação localizada principalmente em Havana. Em 2015 a rede contava com 9 mil usuários.

Apesar desta rede em específico ser permitida pelo governo, a viabilidade de redes clandestinas é real, e a fiscalização deste tipo de comunicação pode ser muito difícil, especialmente para um governo disfuncional.

Internet via satélite e a StarLink

A internet via satélite é certamente a grande esperança para se ter acesso à internet em ditaduras fechadas. E este mercado pode estar prestes a ser revolucionado com a empresa do bilionário Elon Musk, a Starlink.

A Starlink promete criar uma rede mundial de satélites a um baixo custo e alta velocidade. Além disso, a sua instalação simples e automática com uma antena discreta, poderia facilmente compartilhar internet para uma vila inteira com a largura de banda e equipamentos corretos.

E como já foi mostrado anteriormente, o mercado negro cubano e de outros países é muito maior e resiliente do que muitos imaginam, visto que o poder de controle e fiscalização do estado é limitada.

Vale lembrar ainda que mesmo altos funcionários do governo não querem ser vigiados 100% do tempo, e podem também querer a utilização desses equipamentos.

Atualmente, os maiores dark markets modernos do mundo, que movimentam dezenas de bilhões de dólares anualmente, são localizados nos países que eram pertencentes à União Soviética, sendo os descendentes diretos de uma repressão ao comércio humano.

Mesmo na China, com o seu poderoso Firewall, o acesso à internet convencional é trivial para qualquer usuário que consiga instalar uma VPN em seu celular ou desktop. Chineses relatam que o governo não faz muita vista grossa, e costumam banir as VPNs a cada 6 meses, em média.

Mas afinal, como eles irão banir uma dVPN, isto é, uma VPN descentralizadas?

Mas e o Bitcoin?

Os instrumentos para se realizar transações de bitcoins são limitados à criatividade humana e ao seu desenvolvimento tecnológico. Satélites de Bitcoin (e eles já existem), envio de transações via rádio (e isso já é possível) são dois exemplos de como isso poderia funcionar na prática.

Não à toa, o comércio de bitcoins e criptomoedas já é uma realidade no país. O Youtuber Erich Garcia Cruz ensina como os habitantes da ilha podem utilizar as criptomoedas para realizar comércio e fugir dos embargos americanos e do seu próprio governo.

“Acredito que as criptomoedas são uma solução magnífica para milhares de problemas atuais em Cuba. Por isso queremos a todo custo ensinar e dar as melhores maneiras de usá-las para resolver nossos problemas diários”, disse.

Segundo o Youtuber, o comércio ocorre principalmente entre vendedores P2P via grupos de Telegram e outros meios de comunicação.

Além disso, o governo americano sinalizou que poderia liberar acesso à internet gratuita via satélite para o país neste momento de dificuldade e mobilização. Quem sabe El Salvador possa, no futuro, emprestar seus satélites de Bitcoin para promover liberdade para o país caso a ditadura dos Castro dure por mais alguns anos?

Você usaria internet clandestina caso ela fosse restingida ou vigiada no Brasil? Deixe na seção de comentários abaixo.

Leia mais: CEO do Twitter, Jack Dorsey, revela planos para construir protocolos DeFi sobre o Bitcoin

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