Entenda como o Brasil pode se tornar um grande centro para a mineração de Bitcoin (BTC) com a aprovação de nova lei em tramitação nas casas legislativas.
Está em discussão no Congresso Nacional o PL 3825/2019, que visa regulamentar o mercado de criptomoedas no Brasil. Textos de diferentes projetos estão sendo discutidos desde 2015, mas a regulamentação deve finalmente ser aprovada ainda no primeiro semestre de 2022.
O projeto, que está próximo de ser aprovado pelo Senado, deve ainda ser votado no Plenário da Câmara e passar pela sanção presidencial. Caberá também ao poder executivo estabelecer o órgão responsável pelas normas do mercado de cripto-ativos no Brasil, que provavelmente será a CVM ou o Banco Central.
Mineração de Bitcoin
Um ponto de destaque que tem chamado a atenção do mercado brasileiro, é a cláusula que vai zerar os impostos para a importação de Asics –Circuito Integrado Específico de Aplicação–, que são dispositivos construídos com a finalidade de serem utilizados na mineração de Bitcoin.
A mineração é um dos aspectos mais fundamentais da rede Bitcoin. Através do poder computacional e do gasto energético, os mineradores competem para encontrar a resolução dos blocos contendo novas transações.
Através desse processo, os participantes da rede chegam a um consenso sobre o estado final das transações, ao mesmo tempo que tornam mais seguro o Bitcoin, aumentando os custos de um eventual ataque.
Nos últimos anos, a mineração de Bitcoin se tornou uma atividade amplamente institucional, que movimenta dezenas de bilhões anualmente. Dezenas de mineradoras de grande porte, como a Core Scientific, Riot Blockchain, Marathon Digital Holdings e outras, abriram o seu capital em bolsa.
Petroleiras –como Exxon Mobil, Gazprom e Crusoe Energy– e grandes produtoras de energia estão agora se integrando à mineração como forma para otimizar a sua produção e reciclar energia que seria efetivamente desperdiçada.
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Mineração no Brasil
A mineração de Bitcoin nunca foi uma atividade propícia no território brasileiro devido a três questões fundamentais: 1) alto custo de eletricidade, 2) alto custo de hardware e 3) clima quente.
O alto custo para a geração de eletricidade continuará a ser um empecilho para a atividade no Brasil. Contudo, o mais provável é que as mineradoras se aloquem em locais cuja eletricidade está sendo desperdiçada ou a sua capacidade de geração energética está subutilizada.
Devido a questões inerentes a produção de energia, uma grande parte de toda a produção elétrica do mundo é jogada fora todos os anos. Isso ocorre pois em muitos casos, não há nenhuma atividade produtiva para este recurso, e a construção de infraestrutura para transmissão ou armazenamento de energia é inviável, cara demais para ser realizada na prática.
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Estima-se que atualmente a rede Bitcoin consuma mais eletricidade do que toda a Argentina, da qual a absoluta maioria desse recurso é proveniente de energia que seria literalmente jogada fora ou queimada na atmosfera, como é o caso do flare gás nas petroleiras.
Caso a legislação seja aprovada e haja um redução drástica no custo do hardware, muitas usinas brasileiras, bem como empresas de petróleo e gás no mercado nacional, poderão dedicar o seu excedente energético para a proteção da maior rede monetária descentralizada do mundo.
O clima quente do Brasil pode impedir que os equipamentos sejam colocados em capacidade máxima, além de maiores custos relacionados ao resfriamento dos Asics. Contudo, isto não é algo que deve inviabilizar a operação em larga escala no país, especialmente na região sul, que possui clima ameno, ou em regiões com altitude elevada.
Dessa forma, a aprovação da legislação deve tornar o Brasil mais amigável a atividade, bem como deve fortalecer a matriz energética do país com uma nova fonte de renda para as produtoras de eletricidade.
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