A Chainalysis apontou que, nos últimos meses, a Rússia tem demonstrado um aumento no uso de criptomoedas, adotando essas tecnologias para contornar sanções internacionais, promover campanhas de desinformação e interferir em processos eleitorais.
Durante uma palestra publicada no canal do YouTube da Chainalysis, Ian Andrews, diretor de marketing da empresa, destacou que a Rússia se tornou uma força internacional ao empregar criptomoedas em diversas atividades, desde a evasão de sanções até ataques de ransomware.
Valerie Kennedy, diretora de soluções de inteligência da Chainalysis, observou que a utilização de criptomoedas por parte do país é um sinal de desespero.
“No cenário ideal do Kremlin, a Rússia teria implementado uma moeda digital do banco central. No entanto, o desenvolvimento desse sistema tem sido lento, forçando o país a adotar diferentes tipos de criptomoedas para efetuar pagamentos”.
Andrew Fierman, chefe de inteligência em segurança nacional da Chainalysis, explicou que novas legislações permitem ao Banco Central da Rússia monitorar e controlar o uso de criptomoedas em transações internacionais.
Além disso, os especialistas discutiram o crescimento de serviços de troca instantânea não-KYC em russo, que permitem a conversão de moeda fiduciária em criptomoeda e vice-versa, sem a necessidade de registro corporativo.
“Indivíduos podem utilizar esses serviços para conectar contas de bancos russos sancionados, contornando assim as restrições internacionais”, destacou Fierman.
Táticas de desinformação
Segundo Kennedy, a desinformação tem sido uma arma importante para a Rússia, com veículos de mídia ligados ao estado investindo milhões de dólares em entidades dos EUA para espalhar propaganda.
Um exemplo foi a transferência de US$ 10 milhões para uma empresa de mídia do Tennessee, que, de acordo com a Wired, pagou influenciadores sem que eles soubessem da origem russa dos fundos.
Os botnets na rede social X também estariam sendo usados para amplificar narrativas russas.
Essas redes muitas vezes utilizam perfis sociais comprometidos ou adquiridos em massa, algumas delas obtidas por meio de plataformas como UBAStore, onde é possível comprar contas por apenas 10 centavos cada.