A digitalização do mercado financeiro revolucionou o conceito de valor. Tokens e criptomoedas surgiram como ferramentas fundamentais nessa transformação. Enquanto o Bitcoin consolidou-se como reserva de valor global, os tokens expandiram seu uso para diversas funções. Eles representam desde moedas digitais até direitos de propriedade e acesso a serviços exclusivos.
Este artigo explica o que é um token, as diferenças para criptomoedas e como investir com segurança.
O que é um token?
Token é um ativo digital criado dentro de uma blockchain existente. Como Ethereum, Solana ou Polygon, por exemplo. Ele funciona de forma programável e pode representar dinheiro, propriedade ou acesso a serviços. Diferente das criptomoedas, os tokens dependem de blockchains já estabelecidas para operar. Além do seu funcionamento ser garantido por contratos inteligentes (smart contracts). Esses contratos possibilitam a automatização de diversas funções que veremos a seguir.
Embora o BTC e o ETH sejam caracterizados como criptomoedas, eles também podem ser classificados como tokens. Pois cumprem funções programáveis dentro de suas redes. Outra característica que distingue o token de uma criptomoeda é a capacidade de reproduzir um ativo do mundo real na blockchain. Esse processo é chamado de tokenização. Nos últimos anos, a tokenização de ativos tem se desenvolvido e crescido rapidamente. Além de facilitar as transações, esse processo amplia o acesso aos investimentos tradicionais. Dessa forma, esse avanço também possibilita comprar Bitcoin com cartão de crédito.
Tipos de token
O mercado de criptomoedas possui diversas categorias de tokens. Dessa forma, cada um com uma função específica dentro do ecossistema blockchain. Os quatro principais tipos são payment tokens, utility tokens, security tokens e NFTs.
Payment tokens
- Os payment tokens são ativos digitais usados como meio de pagamento dentro da blockchain. Sua função principal é permitir transações rápidas e seguras, sem o envolvimento de bancos ou outros intermediários financeiros. Bitcoin (BTC), Litecoin (LTC) e Bitcoin Cash (BCH) são exemplos populares de payment tokens. Pois são amplamente aceitos por diversas plataformas e comércios.
- Além disso, stablecoins como USDT e USDC também são utilizadas como payment tokens. Pois oferecem transações rápidas e estáveis. Elas facilitam o processo para quem deseja fazer transferências sem oscilações de preço.
- Grandes empresas, como Tesla e PayPal, já aceitam payment tokens, ampliando sua utilidade globalmente.
Utility tokens
- Os utility tokens garantem acesso a produtos, serviços e funcionalidades dentro de uma plataforma blockchain. Em geral, eles são usados para pagar taxas de transação e acessar serviços premium. Mas podem também interagir com contratos inteligentes e recompensar usuários dentro de um ecossistema específico.
- A Binance Coin (BNB) é um exemplo de utility token. Ela permite descontos em taxas dentro da Binance. E pode ser utilizada em diversos aplicativos do ecossistema. Outro caso são os fan tokens. Direcionado aos fãs de esportes, dão acesso a enquetes, ingressos para jogos e serviços exclusivos.
- Exemplo global: O Chiliz (CHZ) possibilita aos fãs participem de decisões de clubes como PSG e Barcelona.
- Caso brasileiro: Em 2023, o Flamengo lançou um utility token que oferece 20% de desconto em ingressos para sócios.
- Algumas plataformas de streaming já testaram o uso de utility tokens para o desbloqueio de conteúdos exclusivos.
Non-Fungible Tokens (NFTs)
- Os NFTs são tokens não fungíveis que representam ativos digitais únicos. Ou seja, eles possuem uma característica única e não podem ser replicados. Como obras de arte, músicas e objetos de jogos virtuais, por exemplo. Diferente das criptomoedas tradicionais, os NFTs não podem ser trocados entre si de forma equivalente. Pois cada um possui características exclusivas.
- Ao comprar um NFT, o comprador não está comprando apenas um arquivo digital. A pessoa adquire um código que contém o registro digital do ativo na blockchain. Esse código garante autenticidade, escassez e propriedade do item. Artes digitais, terrenos virtuais e músicas tokenizadas são alguns dos usos mais comuns.
- Caso brasileiro: Em março de 2024, um NFT do artista brasileiro Eduardo Kobra foi vendido por R$ 500 mil na OpenSea.
- Alerta: Segundo a Chainalysis, 30% dos NFTs listados em marketplaces são plágios ou fraudes.
- Inovação: Universidades no Brasil já utilizam NFTs para certificar diplomas, combatendo falsificações. Marcas de luxo usam NFTs para autenticar produtos, garantindo exclusividade e segurança contra falsificações.
Security tokens
- Os security tokens representam participações em ativos financeiros tradicionais, como ações, imóveis e fundos de investimento. Em geral, eles são regulamentados por órgãos financeiros. E funcionam como versões tokenizadas de ativos negociados no mercado tradicional.
- Diferente dos utility tokens, que servem para acessar serviços, os security tokens são considerados investimentos. E, portanto, seguem regras rígidas. A SEC (Securities and Exchange Commission) é a responsável nos EUA, por implementar as normas e diretrizes que os tokens devem atender.
- Exemplo global: A BlackRock tokenizou um fundo imobiliário de US$ 100 milhões em 2023, o BUIDL. Permitindo, assim, investimentos a partir de US$ 1 mil.
- Caso brasileiro: A plataforma Vórtx tokenizou R$ 2 bilhões em créditos agrícolas e industriais. Dessa forma, democratizando o acesso a investimentos de alto valor.
- Portanto, security tokens permitem fracionar imóveis e ações, flexibilizando o acesso a investimentos tradicionais.
Diferença entre tokens e criptomoedas
Embora todos os tokens possam ser considerados criptomoedas, nem todas as criptomoedas são classificadas como tokens. A principal diferença entre eles está na forma como são estruturados dentro da blockchain.
As criptomoedas, como Bitcoin (BTC) e Litecoin (LTC), possuem suas próprias blockchains. Por isso funcionam como moedas digitais independentes. Seu uso é focado principalmente como reserva de valor ou meio de pagamento descentralizado. Já os tokens são criados dentro de blockchains já existentes. Como o Ethereum (ERC-20), Binance Smart Chain (BEP-20) ou Solana (SPL), por exemplo. Eles podem desempenhar diversas funções, como governança, pagamento de taxas e acesso a serviços específicos.
Outra diferença importante é a forma como os ativos são gerados. As criptomoedas precisam ser mineradas. Ou validadas por mecanismos de consenso como Proof-of-Work (PoW) ou Proof-of-Stake (PoS). Os tokens, por outro lado, são emitidos por meio de contratos inteligentes. Não exigindo um processo de mineração.
Portanto, o BTC é uma criptomoeda nativa de sua própria rede. Já tokens como Chainlink (LINK), Uniswap (UNI) e USDT (Tether) dependem da infraestrutura de blockchains maiores para operar. Essa flexibilidade torna os tokens mais fáceis de criar e personalizar. Mas também aumenta a necessidade de auditorias de segurança nos contratos inteligentes que os gerenciam.
Como os tokens são criados?
Primeiramente, os tokens só podem ser criados em blockchains que suportam contratos inteligentes, como Ethereum e Solana, por exemplo. Em seguida esses contratos inteligentes são programados para funcionarem como programas autoexecutáveis. Dessa forma são definidas todas as regras e funcionalidades do token. Como seu fornecimento total, transferências, permissões e utilidades dentro de um ecossistema.
Após a programação, o contrato inteligente tem que ser implementado na cadeia e, posteriormente, os tokens devem ser distribuídos entre os usuários. Apenas após esse processo o token se torna disponível para transações e utilização em diversos aplicativos descentralizados (dApps), como jogos NFT, DeFi e outros programas de engajamento.
No Ethereum, por exemplo, a maioria dos tokens segue o padrão ERC-20. Garantindo a compatibilidade entre diferentes dApps. Esse padrão permite que os tokens sejam facilmente integrados nas melhores corretoras de criptomoedas, carteiras de criptomoedas e plataformas DeFi. Facilitando e simplificando o uso no ecossistema da cadeia.
Além dos tokens fungíveis, também é possível criar tokens não fungíveis (NFTs) utilizando padrões como ERC-721 e ERC-1155. Apesar desses padrões servirem para o mesmo tipo de token, eles tem pequenas diferenças. Em resumo, o ERC-721 é utilizado para representar ativos únicos e indivisíveis. Já o ERC-1155 permite a emissão de múltiplos ativos dentro de um único contrato. Por isso, o segundo, é amplamente adotado em jogos GameFi e marketplaces digitais.
Portanto, a criação de tokens democratiza o acesso ao mercado de criptomoedas. Além disso, permite que desenvolvedores e empresas construam seus próprios ativos, sem a necessidade de construir uma blockchain do zero. No entanto, a segurança do contrato inteligente é essencial, pois erros na codificação podem gerar vulnerabilidades exploradas por hackers.
Segurança dos Tokens
Garantir a segurança dos tokens é um fator fundamental para o ecossistema de criptomoedas. Pois além de envolver a integridade do ativo, também envolve a proteção dos fundos dos usuários. Por serem baseados em contratos inteligentes, a segurança está, portanto, diretamente relacionada com a arquitetura do código em que foram programados.
Dessa forma, qualquer brecha no código, facilita o ataque de hackers. Como já ocorreu inúmeras vezes em explorações a protocolos DeFi. Assim, deixando milhares de usuários no prejuízo ao desviarem milhões de dólares ao se aproveitarem dessas falhas.
Portanto, a forma mais eficaz de garantir a integridade dos contratos inteligentes é efetuando auditorias rigorosas e detalhadas. Assim, antes de tomar a decisão de comprar algum token, é necessário estudar o projeto, atestar que ele passou por auditorias e confirmar a confiabilidade da empresa que auditou o contrato. Além disso, vale a pena conferir se o histórico do projeto no mercado de criptomoedas é confiável.
Porém, a certificação de que a arquitetura do token é exemplar, não garante a segurança completa do ativo. Também é recomendado que os usuários adotem alternativas de armazenamento seguro. Assim, utilizar algumas das carteiras mais reconhecidas do mercado como, Ledger, MetaMask e Trust Wallet, são fundamentais para proteger os tokens.
E para agregar mais segurança, o uso de autenticação de dois fatores (2FA), por exemplo, é uma opção muito recomendada. Dessa forma, essas medidas auxiliam a minimizar a perda por ataques cibernéticos.
Outro aspecto importante é optar por plataformas confiáveis para negociação. Muitas exchanges descentralizadas (DEX) oferecem liquidez para tokens recém-lançados, mas podem apresentar riscos. Como projetos fraudulentos (rug pulls) ou liquidez insuficiente, por exemplo. Assim, os investidores devem sempre pesquisar a reputação dos projetos antes de se aventurar comprando tokens desconhecidos. Além de desconfiar quando há promessas de retornos irreais pois, em geral, isso é um indicativo de golpes.
Portanto, garantir a segurança dos tokens exige uma abordagem múltipla. Certificando que o projeto é sólido e passou por auditorias confiáveis, armazenamento seguro e precaução ao interagir com novos projetos. Embora a descentralização ofereça muitas oportunidades, a responsabilidade está, em grande parte, nas mãos dos próprios usuários.
Um resumo do que é um token
A criação dos tokens é um avanço importante para o desenvolvimento do ecossistema das criptomoedas. Eles possibilitam o surgimento de outras soluções inovadoras na área das transações financeiras, dos investimentos e da arte digital. Por possuírem uma natureza distinta das criptomoedas, eles possibilitam a representação de ativos na blockchain.
Além de fornecer acesso a serviços e viabilizar modelos econômicos descentralizados. O crescimento da tokenização já movimenta bilhões de dólares. A projeção é de que até 2030 esse mercado atinja US$ 30 trilhões, atraindo grandes empresas e investidores.
Por outro lado, é necessário que os usuários tenham cautela redobrada com seus tokens. Pois a segurança de seus ativos está em jogo. Isso inicia já na escolha de um projeto confiável, passando pela análise de arquitetura do token e segurança no armazenamento. Todas essas camadas de precauções são fundamentais para mitigar os riscos. Pois, embora o mercado de criptomoedas ofereça diversas oportunidades, ele também é repleto de armadilhas.
Além disso, por serem criados em contratos inteligentes, eles podem ter brechas de segurança. Por isso, os golpes financeiros permanecem uma constante ameaça, principalmente nos setores menos regulamentados.
Por fim, a estratégia mais indicada em geral alia conhecimento, práticas de segurança e visão crítica sobre os projetos. Dessa forma, com uma compreensão mais abrangente sobre os diferentes tipos de tokens, os investidores podem tomar decisões informadas e seguras. Construindo, assim, uma educação contínua sobre o setor de criptomoedas e evitando armadilhas ao identificar oportunidades em projetos legítimos.