Descubra o que é e como funciona o halving, um evento que ocorre a cada quatro anos na rede Bitcoin (BTC) e costuma provocar grandes altas na criptomoeda.
O Bitcoin foi o primeiro dinheiro digital descentralizado de sucesso. Desenvolvido por Satoshi Nakamoto, a emissão do bitcoin foi definida no início da rede. Ficou estabelecido nas regras do protocolo que nunca existirão mais que 21 milhões de moedas, que são emitidas de forma programada.
Os bitcoins são criados quando um minerador encontra um novo bloco da blockchain. O minerador é então recompensado pelas taxas de transação pagas pelos usuários e pelas novas moedas geradas na rede.
A emissão de moedas segue um cronograma bem definido. Inicialmente, 50 bitcoins eram emitidos a cada bloco. No entanto, a cada 210 mil blocos (aproximadamente 4 anos), a taxa de emissão cai pela metade, no que é conhecido como halving.
Dessa forma, o primeiro halving ocorreu em 2012, o que trouxe a emissão de novas moedas para 25 btc por bloco. O segundo halving ocorreu em 2016, e o terceiro em 2020. Atualmente, a emissão de novos bitcoins é de 6,25 btc por bloco.
O próximo halving está previsto para ocorrer em meados de abril de 2024, quando as recompensas cairão para 3,125 btc por bloco.
Como o halving afeta o preço?
A emissão de um ativo está diretamente ligada com o seu preço. De maneira geral, quanto mais escasso é um produto, maior tende a ser o seu preço. Esta relação é correta principalmente para commodities, como o bitcoin, ouro ou prata.
O halving tem um efeito direto no preço do bitcoin, visto que de um bloco para o outro, a emissão de novas moedas é reduzida pela metade.
Essa redução tem provocado altas históricas para o bitcoin, como ocorreu em 2013, 2017 e 2021. Estas altas ocorreram um ano após o halving, que tende a aquecer o mercado.
O bitcoin tem passado por ciclos de mercado que duram em média 4 anos, e estão alinhados com o halving. O criptoativo passa normalmente por 2 anos de bear market e 2 anos de bull market, como pode ser observado no gráfico abaixo:
Importancia do halving no futuro
O halving é atualmente um evento muito importante para o bitcoin, visto que as reduções pela metade tendem a provocar uma queda significativa na emissão do criptoativo.
No entanto, a cada halving, a emissão de novos btcs tende a zero. E por volta de 2140, às 21 milhões de unidades terão sido mineradas e o halving se tornará irrelevante para a emissão de moedas.
Como os mineradores serão recompensados?
Como a emissão de novos bitcoins tende a zero, os mineradores dependerão somente das taxas de transação pagas pelos usuários. Para manter o alto nível de hash presente na rede hoje, as taxas terão que custar no futuro centenas de dólares na média.
Satoshi Nakamoto comentou sobre o fim do subsídio do bloco enquanto ainda estava presente no desenvolvimento da rede:
“Em algumas décadas, quando a recompensa ficar muito pequena, a taxa de transação se tornará a principal compensação para os nós. Tenho certeza de que em 20 anos haverá um volume de transações muito grande ou nenhum volume”
Alguns desenvolvedores argumentam que a redução da emissão de novas moedas pode trazer problemas de segurança para o bitcoin no futuro. O desenvolvedor Peter Todd propôs uma mudança que quebraria a regra dos 21 milhões de moedas:
“O Bitcoin deveria ter um imposto de inflação monetária de 0,1% ou 1% para pagar pela segurança”.
Outra solução proposta, mas que nunca foi implementada na versão atual do Bitcoin Core, é o aumento do tamanho do bloco, que era a intenção inicial de Satoshi Nakamoto.
Um aumento do bloco permitiria que mais transações pudessem ser processadas na rede, reduzindo a necessidade de taxas excessivamente altas.
Bitcoin vs moedas fiduciárias
Uma das grandes vantagens do bitcoin é a previsibilidade da emissão de novas moedas na rede. Este paradigma é o oposto das moedas tradicionais, como o dólar, euro ou real.
De fato, não é possível saber quantos dólares ou reais entrarão em circulação nos próximos anos, pois esta decisão é tomada pelos governos, que tendem a querer uma inflação mais alta para arcar com os seus custos.
O grande aumento da base monetária das moedas fiduciárias nos últimos anos tem provocado um aumento da inflação de preços em todo o mundo.
É importante destacar que a inflação das moedas tradicionais tendem a afetar positivamente o bitcoin, criptomoedas e outros ativos, visto que o aumento de preços também ocorre no mercado financeiro.