Uma operação do Serviço de Investigação Criminal (SIC) de Angola resultou na prisão de 46 cidadãos chineses e na desarticulação de uma rede criminosa internacional que operava um cassino virtual em Luanda. A investigação mostrou a existência de mais de 400 sites de jogos online criados com o intuito de enganar apostadores no Brasil e na Nigéria.
O centro das atividades ilegais foi identificado no Hotel Sunshine, onde os chineses gerenciavam as plataformas.
Segundo as investigações, os sites de apostas eram voltados exclusivamente para cidadãos brasileiros. O esquema funcionava de forma coordenada e usava um sistema de fraude informática que gerava perdas contínuas para os apostadores.
De acordo com Manoel Faria, porta-voz do SIC, os jogadores acessavam as plataformas por meio de um sistema que comprometia suas finanças.
Além dos 46 chineses, também foram encontrados 113 trabalhadores angolanos, que desempenhavam funções de interação com os usuários e marketing.
Esses colaboradores criavam perfis falsos para promover os jogos e geravam engajamento, fazendo com que mais pessoas se envolvessem nas apostas fraudulentas.
O BNL Data apontou que o esquema mobilizava novos jogadores, com brasileiros atuando como recrutadores para expandir a rede de apostas. Em troca, eles recebiam uma comissão por cada novo jogador que se cadastrava na plataforma.
No modo de operação dos sites, havia a possibilidade de até 40 jogadores participarem de uma única rodada, com perdas recorrentes, até que o jogo fosse desativado e substituído por um novo, perpetuando o ciclo de fraudes.
As autoridades também encontraram indícios de que, além das perdas financeiras, os jogos estavam sendo utilizados para roubo de dados pessoais e bancários dos usuários.
Resultado das investigações
Durante a operação, foram apreendidos 223 computadores e 113 celulares, que ajudaram a confirmar o envolvimento dos acusados em burla informática, lavagem de dinheiro, operação ilegal de jogos online e associação criminosa.
O esquema também expôs a exploração de trabalhadores angolanos, que eram forçados a cumprir jornadas de até 12 horas diárias, com condições precárias. Além disso, apenas uma pequena parte dos empregados estava registrada no sistema de proteção social, e os valores destinados à segurança social eram fraudulentamente desviados.
Os 46 acusados deverão responder a vários processos legais por sua participação na rede criminosa.