Apesar de o Bitcoin e outras criptomoedas estarem sendo cada vez mais usadas por criminosos, a natureza aberta da tecnologia blockchain também fornece às autoridades uma nova maneira de combater o crime organizado.
Esta é a opinião dos especialistas em criptomoedas e investigadores financeiros que se reuniram na semana passada para a 6ª Conferência Global sobre Finanças Criminais e Criptomoedas em Haia, organizada pela Europol com o apoio do Basel Institute on Governance.
De acordo com os palestrantes, que representaram reguladores europeus, policiais e especialistas da Binance, bem como os detetives de blockchain Chainalysis, CypherTrace e TRM Labs, o uso de criptomoedas está se expandindo “para praticamente todos os países e setores”, facilitando novas formas de criminalidade.
Exemplos de atividades ilícitas em que se viu o uso de criptomoedas incluem contrabando de drogas, manipulação de resultados em esportes e financiamento de fabricação, aquisição, posse e exportação de armas de destruição em massa.
Além disso, há um número crescente de lavadores de dinheiro profissionais que aproveitam as opções oferecidas pelos ativos digitais para realizar crimes físicos e cibernéticos.
No entanto, por conta da natureza da maioria das redes blockchain e da capacidade de rastrear (até certo ponto) transações, os palestrantes também concordaram que “essas características únicas oferecem uma oportunidade sem precedentes” para investigar o crime organizado e redes de lavagem de dinheiro para eventualmente recuperar fundos roubados.
O combate ao crime organizado, no entanto, também exigirá “as ferramentas, capacidade e cooperação certas”, disseram os especialistas.
Criptomoedas permitirão ficar à frente do crime
De acordo com a Europol, todas as partes envolvidas no combate ao crime, como policiais, reguladores e o setor privado, “estão trabalhando duro para ficar à frente daqueles que abusam de criptomoedas para cometer crimes e lavar dinheiro”.
A organização também conta com uma nova legislação europeia para “garantir que os criptoativos sejam tratados como quaisquer outros ativos para fins de regulamentação e supervisão contra lavagem de dinheiro”.
As novas regras, finalizadas em junho deste ano, exigirão que provedores de serviços, como exchanges de criptomoedas, coletem e armazenem informações que identifiquem pessoas envolvidas em transações de criptomoedas, bem como entreguem as informações às autoridades que estão conduzindo investigações.
Os novos regulamentos, no entanto, não irão impor os requisitos de rastreamento em carteiras privadas e não hospedadas que o Parlamento da UE planejou inicialmente em março.
Mas, à medida que as autoridades policiais e judiciais tratam cada vez mais as criptomoedas como qualquer outro ativo de uma perspectiva legal, apreensão, gerenciamento e eventual conversão de criptomoedas em moeda fiduciária está se tornando uma tarefa muito mais fácil, disse a Europol.
LEIA MAIS: Banco Central da Rússia pode reconhecer criptomoedas como ativo legal em breve