Um dos principais desenvolvedores da THORChain anunciou sua saída após uma votação interna para bloquear transações associadas a hackers norte-coreanos ter sido rapidamente revertida. A renúncia destaca as crescentes tensões dentro do protocolo de troca descentralizada, que enfrenta críticas por facilitar a movimentação de fundos ilícitos.
Conflito interno na THORChain sobre bloqueio de transações da Coreia do Norte
O desenvolvedor, conhecido como “Pluto”, anunciou sua renúncia em 27 de fevereiro, alegando frustração com a decisão do protocolo de permitir que transações vinculadas ao grupo hacker Lazarus, da Coreia do Norte, continuassem ocorrendo. Em uma publicação na rede social X (antigo Twitter), Pluto afirmou que não contribuiria mais para o projeto, mas estaria disponível para auxiliar na transição de sua saída.
A decisão de Pluto aconteceu após uma declaração do validador da THORChain “TCB”, um dos três validadores que votaram a favor da interrupção das negociações com Ethereum (ETH) no protocolo, com o objetivo de bloquear o acesso do Lazarus Group. No entanto, a votação foi revertida rapidamente depois que quatro nós (computadores que mantêm a rede funcionando) se opuseram à medida.
Após a reversão da votação, TCB alertou que também poderia deixar a THORChain caso uma solução eficaz não fosse implementada para impedir transações associadas à Coreia do Norte. A polêmica levantou questionamentos sobre a governança do protocolo e sua capacidade – ou disposição – de combater atividades ilegais.
Aumento no volume de transações e preocupações com segurança
A crise ocorre em um momento em que a THORChain registra volumes recordes de transações. Em 26 de fevereiro, o protocolo movimentou quase US$ 860 milhões em swaps (trocas de criptomoedas sem intermediários), atingindo seu maior volume diário da história. No dia seguinte, o volume permaneceu elevado, girando em torno de US$ 705 milhões.
De acordo com a empresa de análise blockchain Lookonchain, o grupo Lazarus utilizou a THORChain para movimentar aproximadamente US$ 605 milhões em ETH, logo após o ataque de US$ 1,5 bilhão à corretora de criptomoedas Bybit, ocorrido em 21 de fevereiro. Enquanto isso, o FBI pediu que corretoras e validadores bloqueiem as atividades do grupo, classificando o roubo como uma ameaça significativa à segurança nacional.
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Debate sobre descentralização e segurança
O fundador da THORChain, John-Paul Thorbjornsen, afirmou que não tem envolvimento direto com a governança do protocolo e defendeu a neutralidade da plataforma. Segundo ele, os endereços de carteira sancionados pelas autoridades dos EUA nunca interagiram diretamente com a THORChain, tornando inviável bloquear transações em um sistema descentralizado.
Enquanto alguns argumentam que a natureza descentralizada da THORChain impede qualquer forma de censura de transações, outros acreditam que essa postura pode se tornar um risco crescente para o projeto. Com desenvolvedores-chave deixando a equipe e a pressão externa aumentando, o protocolo enfrenta desafios cada vez maiores para equilibrar descentralização, conformidade regulatória e segurança.