BRICS: moedas locais disparam na Europa e ameaçam hegemonia do dólar

BRICS

Uma mudança monetária silenciosa, mas estrategicamente poderosa, está em curso no coração financeiro da Europa. O dólar perde terreno de forma significativa, enquanto empresas e fundos estrangeiros exigem, cada vez mais, pagamentos em suas moedas locais. Essa ruptura, longe de ser um fenômeno isolado, alinha-se diretamente com as ambições dos BRICS. O bloco busca corroer a hegemonia do dólar e redefinir a arquitetura dos fluxos financeiros globais.

Ascensão das moedas locais na Europa

Bancos, corretores e entidades financeiras europeias estão testemunhando uma evolução inédita na forma como seus clientes internacionais desejam realizar transações. Segundo revelações do Luxembourg Times, fundos institucionais estrangeiros solicitam expressamente evitar o dólar nos pagamentos.

As instituições financeiras europeias recebem pedidos para transações, incluindo coberturas (hedges), que contornam o dólar. Dessa forma, elas utilizam diretamente moedas como o yuan chinês, o dirham dos Emirados, o dólar de Hong Kong ou mesmo o euro.

Esse fenômeno, embora discreto, é descrito como uma inflexão significativa pelos atores envolvidos. Marcando, assim, um abandono do dólar como moeda intermediária em transferências internacionais e priorizando o tratamento direto em moedas locais.

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Estratégia do BRICS e a soberania econômica

Essa mudança insere-se claramente na linha estratégica promovida pelos países do BRICS. O bloco defende uma reconfiguração do sistema monetário mundial e uma afirmação das soberanias econômicas regionais diante da hegemonia do dólar.

O fato desses pedidos chegarem hoje aos departamentos de conformidade europeus demonstra que essa ideologia vai além dos discursos diplomáticos. Ela começa a transformar a prática concreta dos pagamentos globais.

O BRICS busca uma ordem monetária multipolar, onde sua influência econômica seja consolidada.

BRICS: tecnologia e volatilidade impulsionam a mudança

A ideologia geopolítica do BRICS impulsiona essa dinâmica, mas mecanismos técnicos decisivos a tornam possível. Gene Ma, diretor de pesquisa da China no Institute of International Finance (IIF), identifica os dois principais alavancadores:

‘O aumento das transações entre moedas não americanas deve-se principalmente ao desenvolvimento tecnológico e ao aumento da liquidez.’

Ou seja, não é apenas um repúdio ao dólar, mas também a percepção crescente de que pagamentos diretos entre moedas locais são tecnicamente viáveis. Além disso, são mais rápidos e não necessariamente mais caros.

O mercado de derivativos de moedas ilustra essa tendência. Com aumento de pedidos por produtos derivativos que protegem contra flutuações de moedas locais, sem usar o dólar, em clara alta.

O legado das tensões comerciais entre os Estados Unidos e vários blocos regionais, iniciadas por Donald Trump, também pesa sobre a confiança dos investidores. Mesmo com as medidas tarifárias americanas em pausa, o clima de incerteza persiste.

Economia multipolar

Essa mudança no centro das finanças continentais, impulsionada pelos BRICS e pela tecnologia, é um sinal forte a favor de uma ordem monetária multipolar. Onde, afinal, o dólar enfrenta um desafio crescente.

A discreta, mas persistente, perda de terreno do dólar na Europa reflete uma redefinição dos fluxos financeiros globais. Com a busca por soberania econômica ditando novos arranjos monetários internacionais.

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