Uma pesquisa recente, conduzida pela Pluxee, empresa global em soluções de benefícios, revela um panorama complexo sobre a percepção da inteligência artificial (IA) no mercado de trabalho brasileiro. O levantamento, que entrevistou 2 mil profissionais, indicou que, embora 75% dos participantes vejam a IA como uma aliada estratégica. Porém uma parcela significativa de 32% expressa temor em relação à perda de seus empregos para essa tecnologia.
Benefícios e preocupações com a automação
O estudo da Pluxee, abrangendo diversas regiões do Brasil, aponta que 35% dos entrevistados percebem um impacto positivo da IA nas operações corporativas. Entre os principais benefícios, 73% destacaram a automação de tarefas repetitivas, o que resulta em maior eficiência e redução de custos.
Além disso, 51% dos participantes reconheceram a melhoria na tomada de decisões, enquanto 25% enfatizaram a capacidade da IA de criar soluções inovadoras.
Contudo, o avanço da IA também levanta preocupações. Cerca de 11% dos entrevistados enxergam a tecnologia como uma ameaça à autonomia individual. A maior parte dos 32% que temem a perda de emprego atua em setores mais operacionais.
Por outro lado, 28% dos profissionais reconhecem o risco, mas acreditam na oportunidade de adaptação, e 22% expressaram confiança na preparação das organizações para adotar a IA de forma transparente e justa.
Fernando Radunz, Diretor Executivo de Tecnologia e Pagamentos da Pluxee, ressaltou que a IA é uma realidade que exige gestão responsável para beneficiar tanto empresas quanto colaboradores.
Regulamentação e futuro do trabalho com IA
A pesquisa também indicou que 78% dos entrevistados acreditam que, futuramente, a IA será lembrada como um divisor de águas. No entanto, 45% demonstraram preocupação com obstáculos imprevisíveis ao longo do desenvolvimento tecnológico. Radunz reiterou que o grande desafio é integrar a IA de forma estratégica, potencializando seus benefícios sem negligenciar a perspectiva humana.
A pesquisa revelou que 43% dos profissionais consideram os treinamentos práticos a melhor forma de adaptação. Enquanto 32% destacam a importância de usar a IA como um complemento ao trabalho humano, e não como substituta. O futuro do trabalho dependerá da habilidade das empresas em desenvolver seus profissionais para aliar eficiência tecnológica à humanização dos processos.
As oportunidades e ameaças da inteligência artificial no mercado de trabalho são pautas cruciais para a regulamentação da tecnologia no Brasil. A Câmara dos Deputados está analisando o Projeto de Lei (PL) 2338/2023, já aprovado pelo Senado, e criou uma Comissão Especial para debater o tema. Dario Durigan, secretário-executivo do Ministério da Fazenda, defendeu a celeridade na tramitação do PL, qualificando-o como ‘um bom ponto de partida’.
Apresentado pelo senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o texto é fruto do trabalho de uma comissão de juristas e está sendo analisado em conjunto com outras propostas.
A regulação é vista de forma positiva pelo governo federal, pois, segundo Durigan, ‘traz previsibilidade e atração de investimentos ao país’. A ausência de uma resposta estatal sobre a inteligência artificial é prejudicial, considerando sua crescente presença no cotidiano, com impactos tanto positivos quanto negativos.