A Petrobras, gigante do petróleo, surpreendeu o mercado nesta semana ao anunciar um projeto ambicioso de mineração de Bitcoin, integrado a tokenização e sustentabilidade. O plano faz parte de um programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e visa posicionar a empresa na vanguarda da inovação tecnológica. Assim, se alinhando à transição global para uma economia de baixo carbono.
Energia sustentável e Bitcoin
O projeto não se limita à mineração tradicional. A Petrobras planeja utilizar gás natural excedente de suas operações de petróleo para alimentar os equipamentos de mineração. Essa estratégia já foi testada por empresas como a argentina Tecpetrol em 2023. Assim, essa abordagem transforma um subproduto poluente, antes desperdiçado, em uma fonte de receita e redução de emissões.
“Além de otimizar recursos, estamos explorando como a blockchain pode revolucionar nossa cadeia de valor, desde contratos inteligentes até a tokenização de ativos”, explicou Marcelo Curi, líder de implantação do projeto, em declaração ao portal BlockNews.
Parcerias e escopo do projeto
A Petrobras não está sozinha nessa jornada rumo à mineração sustentável de Bitcoin. A estatal firmou parcerias estratégicas que combinam expertise acadêmica, tecnológica e operacional. O Cenpes, seu centro de pesquisa, lidera os estudos técnicos para integração energética, enquanto a PUC-Rio, através do Ledger Labs, desenvolve modelos de negócios em blockchain.
Já a Cardano Foundation entra com capacitação de funcionários, incluindo a emissão de NFTs educativos — um movimento que reflete a tendência global de empresas como a Saudi Aramco, que desde 2023 usa blockchain para tokenizar ativos e otimizar cadeias de suprimentos.
Além disso, também está previsto a criação de um mercado de biometano em parceria com a GoLedger, utilizando blockchain para rastrear transações sustentáveis.
No entanto, o projeto pode enfrenta obstáculos comuns a iniciativas pioneiras. O alto custo de infraestrutura — estimado em R$ 500 milhões para os primeiros três anos — e a complexidade regulatória são desafios imediatos. Críticos também questionam o impacto ambiental, já que mesmo usando gás excedente, a mineração de Bitcoin consome energia equivalente a cidades inteiras.
Apesar das incertezas, a iniciativa sinaliza uma mudança de paradigma. Assim como a Tecpetrol na Argentina e a ExxonMobil nos EUA, que já mineram criptomoedas com energia residual, a Petrobras aposta na convergência entre indústria tradicional e inovação disruptiva. Resta saber se a tecnologia conseguirá superar as barreiras econômicas e políticas inerentes a um setor tão estratégico — e polêmico — quanto o energético.
O que esperar em 2025?
Enquanto a Petrobras avança na mineração de Bitcoin, os próximos passos revelam um plano ainda mais ousado. A tokenização de ativos emerge como prioridade, com estudos para transformar commodities como petróleo e gás em tokens negociáveis em blockchain — uma iniciativa que, se bem-sucedida, pode agilizar contratos internacionais e atrair investidores institucionais.
Paralelamente, a empresa mira a expansão das transações P2P, que já movimentaram R$ 94 bilhões em setembro de 2024. A integração de smart contracts promete reduzir intermediários em negociações entre empresas, replicando o sucesso de plataformas como a argentina SatoshiTango.
Além disso, a educação corporativa ganha escala: mais de 40 mil funcionários já passaram por treinamentos em blockchain via parceria com a Cardano Academy, incluindo cursos certificados por NFTs. Esse esforço não apenas prepara a força de trabalho para a transição tecnológica, mas também posiciona a Petrobras como referência em capacitação no setor energético latino-americano.