Já nos primeiros momentos de vida do Bitcoin, Hal Finney, considerado por muitos um dos país da criptomoeda, tendo desenvolvido ainda em 2004 o RPOW, um protótipo de rede monetária muito semelhante ao BTC, considerou que o bitcoin pudesse se tornar a moeda de reserva mundial, em uma espécie de Padrão Bitcoin.
O termo “Padrão Bitcoin” certamente é derivado do modelo monetário vivido pela economia global pelo menos até 1971, o Padrão Ouro. Nesse sistema, ao menos em tese, cada nota emitida por um banco central deveria ser lastreada em uma quantidade fixa de ouro.
Nesse sentido, as moedas dos bancos centrais eram nada mais do que notas promissórias de ouro, de modo que o seu valor estava intrinsecamente ligado ao valor do metal. Até a quebra do acordo de Bretton Woods, o governo dos EUA mantinha uma paridade de 35 dólares a onça.
Durante a primeira e a segunda guerra mundial, muitos países abandonaram o padrão ouro para imprimir dinheiro e financiar a guerra, iniciando uma série de crises inflacionárias ao redor do mundo.
A verdade é que governos não têm o incentivo para querer manter um padrão monetário sólido, visto que a capacidade de criar dinheiro do nada dá poderes quase que ilimitados para um estado manipular a economia e crescer, isso, claro, às custas do empobrecimento geral de uma nação.
O Padrão Bitcoin
Um Padrão Bitcoin, semelhante a um Padrão Ouro, faria com que a criptomoeda primária se tornasse um ativo de reserva, utilizado para lastrear outros ativos, como moedas fiduciarias. Segundo Michael Saylor, os países que adotarem esta estratégia serão muito beneficiados no futuro com o crescimento da rede.
“Talvez, a cidade de Nova York pegue US$10 bilhões de dólares emprestado para comprar bitcoin e elimine impostos para sempre, para o benefício dos cidadãos de Nova York. Isso é um derivativo. Eles podem fazer isso.
A Turquia pode comprar 5 bilhões em bitcoin, e isso será 50 bilhões nos próximos 5 anos. E eles podem fortalecer sua moeda e 50 milhões de pessoas na Turquia terão ativos na Lira Turca, que é um derivativo de bitcoin.
Você quer consertar o seu país? Como Nigéria ou Zimbabwe? A maneira de você consertar o seu país é você comprando 2 bilhões, 3 bilhões e você coloca a sua moeda embaixo do bitcoin, esse é o ‘Padrão Bitcoin’. “
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Quais governos estão acumulando bitcoin?
El Salvador, o primeiro país a adotar o bitcoin como moeda legal, recentemente realizou a compra de 700 bitcoins. Além disso, o governo já está operando uma mineradora de Bitcoin com a energia geotérmica dos vulcões locais.
O Banco Central do Irã foi o pioneiro na adoção do Bitcoin, de modo que exige a venda das moedas mineradas no país diretamente ao Banco Central. Uma imposição tirânica, mas que mostra o interesse do governo no ouro do século XXI.
O governo dos EUA é hoje um dos maiores detentores de bitcoin do mundo, isto graças as gigantescas apreensões realizadas pelas agências de segurança do país, principalmente do Silk Road, o primeiro darkmarket moderno e um dos primeiros serviços a se integrar à criptomoeda.
Não se sabe ao certo quantas moedas ainda estão sob posse do governo dos EUA, visto que muitas moedas foram leiloadas. O investidor bilionário Tim Draper afirma ter comprado 30 mil bitcoins em 2013 em um leilão do FBI.
De modo semelhante, a China, o país mais populoso do mundo, conta com uma série de apreensões históricas de criptomoedas envolvidas em esquemas de pirâmide e crimes financeiros.
Nos últimos anos surgiram também rumores de que países que sofrem sanções financeiras dos EUA, como Venezuela, Coreia do Norte e outros estariam utilizando o Bitcoin para o comércio internacional. Contudo, não é possível afirmar nada até este momento.
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