Carlos Nataniel Wanzeler, dono de uma das maiores pirâmides financeiras do Brasil, a Telexfree, foi preso pela Polícia Federal em Búzios-RJ, na quinta-feira (20), após pedido do governo dos Estados Unidos, onde o empresário é alvo de mandado de prisão por suspeita de fraudes.
Segundo o G1, a prisão foi determinada pelo ministro Ricardo Lewandowski, do STF, que também negou a cidadania brasileira a Wanzeler na terça-feira (18). A decisão possibilita a extradição do acusado aos EUA, onde também é réu no caso da Telexfree.
No Brasil, o empresário é réu em milhares de processos cíveis na Justiça, além de ações penais e uma ação civil pública sobre a Telexfree. Já nos Estados Unidos, responde por ações penais.
Wanzeler optou pela nacionalidade americana antes mesmo da empresa quebrar, provavelmente antecipando o desfecho da história. Agora, sua defesa nega os rumores de que ele teria reivindicado sua cidadania brasileira para fugir da justiça americana.
No processo, o empresário alega que a obtenção da nacionalidade norte-americana foi necessária para ficar junto com a família, que morava nos EUA.
Contudo, o artigo 12, parágrafo 4°, inciso II da Constituição, prevê a perda da nacionalidade do brasileiro que adquirir outra nacionalidade. A exceção é o reconhecimento posterior da nacionalidade originária por país estrangeiro (a chamada dupla cidadania) ou a imposição da naturalização como condição para permanecer no país, mas os ministros consideraram que não eram essas as hipóteses.
Preso em dezembro e solto em 48h
Wanzeler e Carlos Costa, que comandava a Telexfree no Brasil, foram presos pela Polícia Federal em dezembro do ano passado, na ‘Operação Alnilam’. Contudo, pouco mais de 48 horas depois, a Justiça Federal ordenou a soltura dos acusados.
Os dois, que haviam sido detidos preventivamente por indícios de lavagem de dinheiro da Telexfree com a compra de imóveis, foram proibidos de deixar o Brasil e deveriam comparecer na Justiça a cada dois meses.
Fuga do país
Sanderley Rodrigues Vasconcelos, outro acusado no caso da Telexfree, foi alvo da Polícia Federal em operação deflagrada na última terça-feira. Segundo a PF, ele teve ajuda para fugir do país em 2015.
Conforme noticiado pelo Criptonizando, o órgão investiga, por meio da Operação Ousadia, um grupo composto por membros da própria PF, suspeito de receber criptomoedas para alterar o sistema de informação da instituição. A suspeita é que eles teriam ajudado o acusado.
“A investigação teve início quando um outro investigado da Polícia Federal, que estava proibido de deixar o território nacional por decisão da Justiça Federal, com seu nome incluído no Sistema Nacional de Procurados e Impedidos, deixou o país através de um aeroporto internacional”, diz a PF.
O esquema da Telexfree
A Telexfree vendia pacotes de telefonia móvel e mantinha um esquema de pirâmide financeira por meio de um sistema de venda direta remunerada, no qual o interessado em participar precisava pagar uma taxa de adesão de US$ 50 para se tornar um divulgador e, depois, tinha que revender seus pacotes para outros usuários interessados e estimulá-los a fazer o mesmo.