Inflação no mundo: aumento dos preços deve acentuar nos próximos anos

Dólar - EUA st

A inflação se tornou um problema urgente na maior parte do mundo após 2020. Para arcar com os elevados custos dos governos durante a crise sanitária, os bancos centrais ‘imprimiram dinheiro’ em nível recorde nos últimos anos.

A título de comparação, mais dólares foram impressos em julho de 2020 do que em 200 anos de história do governo americano. O cenário monetário foi mais ou menos semelhante na maioria dos países. No Brasil, a gestão do Roberto Campos Neto foi a que mais imprimiu dinheiro desde a criação do Plano Real em 1994.

Como consequência direta do aumento da base monetária, os preços começaram a subir de maneira acelerada. Os Estados Unidos, por exemplo, registraram uma inflação de 9,1% em 12 meses, a maior em 41 anos.

Alguns países, como Argentina e Venezuela permanecem em estado de hiperinflação, onde o dinheiro segue se desvalorizando constantemente.

Mas afinal, qual a expectativa para inflação para os próximos anos?

Em meados de 2022, os Bancos Centrais, incluindo o Federal Reserve dos Estados Unidos e o Bacen do Brasil, decidiram combater a inflação através da elevação dos juros. 

Aumentar os juros pagos pelos títulos públicos remove liquidez do mercado no curto prazo e reduz a inflação, uma vez que os investidores tendem a poupar mais e deixar o dinheiro parado. 

No entanto, esta é uma medida impopular e que tende a provocar recessões e aumentar o desemprego, visto que isto eleva o valor dos juros, dificultando o financiamento de empresas e projetos.

Outro ponto de destaque é que a impressão de dinheiro foi pausada pela maioria dos bancos centrais. Além disso, a oferta monetária do dólar chegou a ser levemente reduzida em 2022, como mostram dados do governo dos EUA.

Peter Schiff: elevar os juros não vai adiantar

O economista Peter Schiff, conhecido por ter previsto a crise financeira de 2008, alerta que o aumento de juros não será o suficiente para conter a alta inflação dos EUA. Schiff demonstra que, caso o Comitê de Política Monetária aumente os juros para 10%, o governo se tornaria completamente insolvente.

Isso ocorreria pois a dívida do governo dos EUA é atualmente superior a US$ 30 trilhões. Um aumento de juros para 10% obrigaria o governo a arcar com US$ 3 trilhões em juros por ano, valor que excede todo o orçamento do governo federal.

“Quando a Dívida Nacional atingir US$ 30 trilhões, se um aumento no IPC forçar as taxas de juros a subir para 10% (as taxas atingiram 20% em 1980), os juros sobre a dívida logo excederiam toda a arrecadação de impostos federais. Isso significa que um orçamento equilibrado exigiria que todos os outros gastos federais fossem eliminados”, afirmou Shiff no Twitter.

Leia mais: EUA está perto de um colapso econômico, afirma Peter Schiff

Conforme destacado, a única maneira sustentável para lidar com este problema a longo prazo é a retomada da austeridade e responsabilidade fiscal dos governos, que precisam reduzir despesas para diminuir a impressão de dinheiro e o endividamento sistêmico.

No entanto, não há nenhum sinal político de que isto deve ocorrer nos Estados Unidos, Brasil ou Europa.

Guerra, desglobalização e desdolarização

A inflação não é definida apenas pela base monetária ou política de juros. Alguns fatores externos podem agravar ainda mais a inflação no mundo. Os conflitos entre Rússia e Ucrânia tendem a pressionar os preços, especialmente nas regiões afetadas e na Europa, visto que a guerra tende a destruir riqueza.

Após as várias sanções aplicadas pelos Estados Unidos nos últimos anos, vários países estão buscando por alternativas ao dólar americano, em um evento que está sendo chamado de desdolarização.

Vários países, incluindo Brasil, China e Rússia, estão firmando acordos para se tornar independentes do dólar. Os Estados Unidos devem ser o país mais afetado negativamente com essa tendência global.

Como se proteger da inflação?

Em momentos de alta inflação, ativos escassos e mais estabelecidos são considerados as melhores opções, como é o caso do ouro. As criptomoedas também estão se mostrando como uma alternativa monetária e financeira, visto que não dependem de terceiros de confiança para manter seu valor.

As ações, por outro lado, podem ser fortemente afetadas pelo aumento dos juros, visto que muitas empresas de capital aberto podem depender de endividamento para se manterem.

Resumo, a inflação alta deve se tornar uma constante no mundo nos próximos anos. Para se preservar deste cenário, é necessário aumentar o fluxo de caixa e acumular ativos que acompanhem a inflação.

Disclaimer
As informações contidas neste artigo são de caráter informativo e refletem a opinião do autor. Não constituem aconselhamento financeiro, jurídico ou de investimento. O mercado de criptomoedas é volátil e envolve riscos. Faça sua própria pesquisa antes de tomar qualquer decisão.

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