O chefe de pesquisa da VanEck acaba de lançar uma ideia que pode abalar as estruturas financeiras globais. Ele propôs a emissão de títulos do Tesouro dos EUA parcialmente lastreados em Bitcoin, batizados de “BitBonds”. A proposta ousada visa ajudar os Estados Unidos a refinanciar a colossal dívida nacional, que já ultrapassa os US$ 14 trilhões.
BitBonds podem reduzir a dívida dos EUA
Matthew Sigel apresentou o conceito revolucionário de “BitBonds” durante a Strategic Bitcoin Reserve Summit 2025. Segundo ele, esses novos títulos de 10 anos seriam compostos por 90% de dívida tradicional e 10% de exposição ao Bitcoin. Essa estrutura híbrida teria o potencial de atrair tanto o Tesouro americano quanto investidores globais em busca de novas oportunidades e proteção contra a inflação do dólar.
Além disso, Sigel argumenta que, mesmo em um cenário extremo onde o Bitcoin chegasse a valer zero, os BitBonds permitiriam que os EUA economizassem dinheiro. Refinanciando uma parcela estimada de US$ 14 trilhões de dívida com vencimento nos próximos três anos, de forma mais justa.
Assim, a lógica por trás da proposta é simples, mas engenhosa. Com as taxas de juros em patamares relativamente altos, o Tesouro precisa manter uma demanda contínua por seus títulos. A inclusão do Bitcoin, que tem se consolidado como um hedge contra a inflação, poderia impulsionar o interesse dos investidores. Interessado, portanto, em proteger seu capital da desvalorização do dólar e da inflação de ativos.
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Em resumo, na estrutura proposta, um BitBond com prazo de 10 anos retornaria um “prêmio de US$ 90, juntamente com qualquer valor que o Bitcoin contiver”. Os investidores receberiam todos os ganhos do Bitcoin até um rendimento anualizado máximo de 4,5%. Caso os ganhos do Bitcoin ultrapassem esse limite, o governo e o comprador do título dividiriam o restante dos ganhos em partes iguais (50/50).
Proposta de Títulos lastreados em Bitcoin traria vantagem para os EUA
Comparados aos títulos tradicionais, os BitBonds de 10 anos ofereceriam aos investidores ganhos substanciais caso o Bitcoin superasse as taxas de equilíbrio. Do ponto de vista do governo, se os títulos pudessem ser vendidos com um cupom de apenas 1%, o Estado economizaria dinheiro mesmo que o Bitcoin chegasse a zero.
A mesma lógica se aplicaria a um cupom de 2%, onde o governo ainda economizaria em comparação com a taxa de mercado atual de 4%. É nessa faixa de cupom, entre 3% e 4%, que o Bitcoin precisaria performar para que o governo realmente economizasse.
Embora a ideia de títulos governamentais lastreados em criptomoedas não seja inédita, a proposta de BitBonds de Sigel segue uma linha similar a uma apresentada pelo Bitcoin Policy Institute em março. A crescente postura favorável do governo dos EUA em relação às criptomoedas sob a administração do presidente Donald Trump tem impulsionado a narrativa de potenciais títulos do Tesouro aprimorados pelo Bitcoin.
Resta saber se essa ideia inovadora ganhará tração e se o Bitcoin hoje poderá, de alguma forma, contribuir para a solução do colossal problema da dívida americana.