As agências de inteligência do governo dos Estados Unidos estão investigando doações feitas em bitcoin que supostamente financiaram as invasões do Capitólio, o Congresso americano. Como relata o Yahoo News, 28 bitcoins, avaliados na época em US$ 500 mil foram enviados para 22 endereços.
Segundo a pesquisa realizada pela Chainalysis, uma empresa de análise de dados em blockchain, os 28 btcs, avaliados hoje em mais de 1 milhão de dólares, foram enviados em 8 de dezembro por um programador francês que cometeu suicídio pouco tempo depois.
“Eu me importo com o que acontece depois da minha morte. É por isso que decidi deixar minha modesta riqueza para certas causas e pessoas”, escreveu ele em uma carta final datada de 9 de dezembro.
As doações levantaram suspeitas de que governos e instituições estrangeiras estivessem envolvidas no financiamento da invasão do Congresso americano, ou mesmo em outros movimentos para a desestabilização dos Estados Unidos.
Um ex-funcionário do FBI afirmou:
“Eu ficaria chocado se tanto os adversários dos Estados-nação quanto as organizações terroristas não estivessem descobrindo como canalizar dinheiro para esses caras. Muitos deles usam sites de captação de recursos (geralmente em Bitcoin) que são virtualmente não monitorados. Se não estivessem fazendo isso, seriam incompetentes.”
Em meio a uma coletiva de imprensa sobre a investigação da invasão no Capitólio, o procurador interino dos EUA, Michael Sherwin, afirmou que o “escopo e a escala desta investigação nesses casos são realmente sem precedentes”.
Segundo o procurador, o caso está sendo encarado como uma “investigação significativa de contraterrorismo ou contra-inteligência” envolvendo o rastreio e análise de “dinheiro, registros de viagens, disposição, movimentação, registros de comunicação”.
Privacidade do Bitcoin
Segundo a publicação original, a Chainalysis chegou às doações de bitcoin através da movimentação de uma exchange francesa, que estaria vinculada ao programador que fez as doações antes de falecer.
A camada 1 do Bitcoin opera em um esquema de pseudo-anonimato, de modo que o saldo e histórico de transações de cada endereço é público para todos. Apesar de não haver nenhuma informação pessoal vinculada aos endereços, é possível realizar o rastreio dos bitcoins por meio de endereços conhecidos, por exemplo, de exchanges centralizadas. Dessa maneira, é sim possível chegar até o dono de determinada carteira de BTC, caso ele não tome os devidos cuidados com sua privacidade.
Atualmente, serviços de coinjoin, mixers e outras redes de segunda camada do Bitcoin (Liquid e Lightning) são utilizadas para se ter privacidade ao movimentar bitcoins de maneira anônima. Além disso, existem soluções que estão sendo desenvolvidas que poderiam trazer privacidade para a camada 1 do BTC nos próximos anos.
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