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julho 30, 2021 
5 min. 
Fernando Ulrich, conhecido economista brasileiro, um dos primeiros a escrever sobre o Bitcoin no país ainda em meados de 2013, deu recentemente suas opiniões sobre a Ethereum, a segunda maior blockchain do mundo, durante conversa com o canal Augusto Backes.
A narrativa de que o Ethereum seria um ‘Novo Bitcoin’ surgiu após 2017 quando a dominância da rede BTC começou a despencar em meio a alta do mercado impulsionada por investidores de varejo. Ao longo dos anos, essa narrativa ressurge de tempos em tempos com analistas profetizando que o Ethereum algum dia ultrapassará o Bitcoin.
Mas na prática, o ETH não compete diretamente com o BTC enquanto produto financeiro, a começar pela sua falta de identidade e objetivo claro, como bem explicado por Ulrich.
“O Ethereum, desde que começou sempre teve uma certa crise de identidade. […] Até em uma apresentação que eu fiz para um curso que eu gravei, eu fui lá no Wayback Machine e peguei os screenshots da página inicial do Ethereum ao longo dos anos para mostrar como a narrativa do Ethereum, o propósito foi mudando ao longo do tempo. ”
O Bitcoin, originalmente definido por Satoshi Nakamoto, busca executar um protocolo de comunicação para transferência de valores em uma rede monetária aberta, uma verdadeira versão digital e melhorada do ouro, com foco em estabelecer um altíssimo grau de segurança e descentralização na sua camada 1, enquanto a rede Ethereum muda sua narrativa de tempos em tempos.
O economista destaca a ambição do projeto e a rapidez na qual as mudanças são implementadas na rede, um ponto que definitivamente torna o seu protocolo menos resistente e seguro.
“O Ethereum tem uma ideia muito ambiciosa, ele é um sistema mais aberto à inovação, mais maleável […] Mas de certa maneira, pode ser até paradoxal, trás uma desvantagem para o Ethereum. ”
Enquanto os processos para a implementação de inovações no Bitcoin costumam ser muito lentos e burocráticos, é justamente esse cuidado com o código e com novas implementações, auditadas pelas mais brilhantes mentes que estudam criptografia, que o tornam mais seguro deste ponto de vista.
No mesmo sentido, um hardfork pode facilmente ser implementado em poucos dias pela Fundação Ethereum caso assim ela queira, como em uma espécie de ditadura benevolente. Deste ponto de vista, de fato não existe uma governança distribuída ou descentralizada no desenvolvimento da rede, e a sua implementação não se difere muito dos sistemas financeiros centralizados, visto que existe uma instituição com tanto poder e controle sobre o sistema.
Isso se reforça quando olhamos para a história da Ethereum, que já teve a sua cadeia de blocos retrocedida, sim, a blockchain da Ethereum foi reescrita, um pecado para um livro registro que supostamente deveria ser imutável. Isso ocorreu após um hack em um smart contract que roubou milhões na época. A cadeia original da Ethereum é, na verdade, o Ethereum Classic.
“O Bitcoin precisa ser imutável ao longo do tempo, e por isso o fato de não conseguirmos alterá-lo facilmente é um atributo e não uma desvantagem, é a essência do sistema. Como disse o próprio Nakamoto, uma vez que o software 0.1 estava disponibilizado, é quase como se as regras estivessem escritas em pedra.”
A rede Bitcoin já chegou a acumular mais de US$1 trilhão em marketcap este ano, trata-se da economia de literalmente centenas de milhões de pessoas ao redor do mundo, e todo o cuidado é pouco quando se trata de um assunto tão sério. E, do ponto de vista de preservação de valor, segurança e resistência à censura, o Bitcoin e a Ethereum são redes completamente distintas.
“As coisas que estão sendo testadas são surreais. […] Mas para mim é experimental e muito experimental. ”
De fato, muito do conhecimento adquirido e experimentação no desenvolvimento de altcoins será útil para o futuro do Bitcoin, quando o setor DeFi e outros protocolos forem implementados em redes de segunda e terceira camada da rede BTC.
Qual sua opinião sobre as falas do economista? Deixe na seção de comentários abaixo.
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