O colapso da indústria de petróleo levou a Venezuela a acelerar a mineração de ouro, inclusive em áreas protegidas da Amazônia.
O terreno utilizado para mineração mais que triplicou desde março de 2019, segundo um estudo da organização sem fins lucrativos Wataniba.
A atividade deve aumentar após a liberação de novos lotes em cinco rios em abril, conforme reportou a Bloomberg.
De acordo com a reportagem, a Venezuela já tem uma próspera indústria ilegal de ouro que devasta rios, florestas, comunidades indígenas e financia grupos armados violentos.
Agora, as autoridades contribuem com equipamentos para montar operações mais formais de processamento do metal através de novo complexo estatal e com a venda do ouro para o governo.
O trabalho de mineração continua mesmo em meio ao isolamento rigoroso e à escassez de combustível no resto do país.
O ouro se tornou fonte importante de receita para o presidente Nicolás Maduro, que recorreu à venda de reservas a aliados como Irã e Turquia enquanto luta nos tribunais pela repatriação de ouro detido no exterior.
“As áreas de mineração na Amazônia venezuelana cresceram caoticamente, mesmo ao redor de vilarejos e cidades”, afirma a diretora para a Amazônia da Wataniba, Tina Oliveira, que faz trabalho socioambiental na região.
O ouro extraído por pequenos operadores e joint ventures, é enviado pelo governo ao Irã, Turquia e Caribe.
Novas máquinas de mineração e britagem, além de trailers que servem como escritório, estão sendo enviados com escolta oficial para a região.
O processamento é realizado em Ciudad Guayana, no complexo Manuel Piar, administrado pela estatal Corporación Venezolana de Minería, e é protegido por militares e agentes de inteligência.
Algumas tribos indígenas migraram para o Brasil por causa da poluição da água e do desmatamento resultantes da mineração, de acordo com a ONG Kape Kape.
A falta de gasolina que impôs um racionamento rigoroso em todo o paós desde março não detém a mineração na Venezuela. Nas áreas de mineração, há combustível à venda por US$5 o litro.
Segundo estudo por satélite da Wataniba, o escopo da mineração cresceu para 116.655 hectares (cerca de 160.000 campos de futebol), em março deste ano, comparado a 33.926 hectares um ano atrás.
Desde 2016, quando Maduro estabeleceu o Arco de mineração do Orinoco, abrangendo 11,2 milhões de hectares, até o último levantamento oficial de 2018, as compras estatais de ouro aumentaram 15 vezes para 9,7 toneladas.